JORGE AMADO SOB A INFLUÊNCIA DO CANDOMBLÉ

JORGE AMADO SOB A INFLUÊNCIA DO CANDOMBLÉ

Postado por: em jun 11, 2013 | 14 comentários

 

Jorge Amado foi Obá Arolu. Possuia direito de voz e voto no grupo que forma o corpo executivo do terreiro, doze ministros que ajudam a mãe de santo na administração do templo. Esse título honorífico do Candomblé, segundo a Wikipédia, foi criado por mãe Aninha em 1936 no Axé Opó Afonjá (talvez o terreiro mais influente do mundo, localizado em Salvador, Bahia). Outro baiano, Gilberto Gil, além de ter sido iniciado nesse mesmo terreiro, também recebeu um título lá dentro: Obá Onikoyi – mesmo título de Dorival Caymmi. Uma posição inferior a de Amado, mas que possui função consultiva dentro desse time de amigos e protetores do terreiro, cuja lista completa você pode ler aqui. “Esses ministros eram antigos reis, príncipes ou governantes dos territórios conquistados por Xangô no país de Yôrubá”, explica o historiador Edison Carneiro em Candomblés da Bahia.

João Bosco canta “Minha Festa” de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito

Postado por: em jan 23, 2013 | 2 comentários

Guilherme de Brito e Nelson do Cavaquinho

Parceria das mais importantes para o samba, os boêmios Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito criaram canções inesquecíveis. Continuando o nosso curso “o que eles têm feito para buscar a paz”, vamos ouvir mais uma pérola.  Tente pensar: como a espiritualidade e a transcendência aparecem no repertório popular?  Como canções populares apresentam Deus?  Por que canções desse tipo nascem fora do ambiente religioso e apontam para a Boa Nova? Música de bar que já foi tocada no altar. Saída da rua sugerindo a graça. Ouçam: Minha Festa.

 

 

 

 

Minha Festa (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito – 1973)

La, lalaia laia laia,

lalaia laia laia, lalaia laia laia, ia

Graças a Deus minha vida mudou
Quem me viu, quem me vê, a tristeza acabou
Contigo aprendi a sorrir
Escondeste o pranto de quem sofreu tanto
Organizaste uma festa em mim
É por isso que eu canto assim

La, lalaia laia laia,

lalaia laia laia, lalaia laia laia, ia

 

 

Gal Costa canta “Deus é o amor” de Jorge Ben Jor.

Postado por: em jan 22, 2013 | Nenhum comentário

 

Um pergunta generosa deve guiar o nosso olhar: “o que eles têm feito para encontrar a paz?” Apresento a vocês Gal Costa cantando “Deus é o amor” de Jorge Ben Jor.

 

Em 1969 ela lançava essa canção em seu primeiro disco solo. A capa se tornou clássica:

 

 

Gal 1969 - lança "Deus é o amor" de Jorge Ben

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ouça a versão original e agora pergunte: “o que nós temos feito para encontrar a paz?”.

 

Deus é amor (Jorge Ben Jor 1968)

Todo mundo vai embora
Mas a chuva não quer parar
Ninguém mais quer ficar
Só eu, sozinho vou me molhar

Mas eu tenho fé
Que a chuva há de passar
E aquele sol tão puro
De manhãzinha bem quentinho há de chegar

E os passarinhos vão cantar
Pois a alegria vai voltar
E todo mundo
Que foi embora vai voltar

Agradecendo a Deus
Todo mundo vai rezar e cantar

Deus é a vida, a luz e a verdade
Deus é o amor, a confiança e a felicidade
Deus é a vida, a luz e a verdade
Deus é o amor, a confiança e a felicidade

 

30 de Janeiro / João Ubaldo Ribeiro

Postado por: em jan 30, 2012 | 1 comentário

Trinta

 

Sou fã. Ponto. E quem não é? João Ubaldo Ribeiro, o pai do VJ da MTV Bento Ribeiro, é um gênio do nosso vernáculo. Ganhador dos mais importantes prêmios literários da nossa língua (Jabuti e Camões, por exemplo), sucesso de vendas e grande contador de histórias, ele chega aqui pra compartilhar parte do seu mais destacado livro: “Viva o povo brasileiro”.  Chega mais perto e vamos ouvir:

 

“ Num lugar que ninguém sabe, pela praia ou pelo mato, pela ilha ou pela terra, era uma vez um vigário. Era uma vez a freguesia desse vigário, era uma vez sua igreja, era uma vez o povo que nesse sítio morava, onde havia muitas beatas e muita gente misseira e benigna. O vigário, antes da missa, não podia descansar, porque vinham as beatas se confessar. Depois da missa, não podia descansar, porque vinham as beatas se confessar, e então o padre não fazia outra coisa que cuidar das desobrigas daquele povo carolo. Aí o padre pensou, pensou, pensou e chegou num resultado, que foi fazer por escrito um ror de coisas, ror esse que preparou para ler na missa. Quando chegou a missa, o padre pegou do ror e leu da seguinte maneira: minhas prezadas devotas, povo desta freguesia, já estou ficando velho e cansado e não tenho mais tempo e sustança para tanta confissão todo dia. Por isso que doravante vamos obedecer à seguinte disposição, que eu mesmo pensei muito bem pensado e escrevi muito bem escrito, estando tudo muito bem ajuizado: no domingo, eu confesso as preguiçosas e as que não têm asseio; na segunda, as que furtam e as que mentem; na terça, as que bebem; na quarta, as que enganam o marido ou pecam ao contubérnio; na quinta, as crocas e as maldizentes; na sexta, as feiticeiras, as mandingueiras e as treiteiras; no sábado, as comilonas e as invejosas. Que quando o vigário terminou de dizer isso, ninguém disse nada na hora, mas toda a gente se olhou assim, e daquele dia em diante não teve mais beata que quisesse confissão naquela freguesia e o vigário descansou à larga com seu bom vinho de missa, pé de pato mangalô três vez.”

Pai do Bento

 

(Viva o Povo Brasileiro, pág.94 e 95, João Ubaldo Ribeiro – 2009)