Identidade Nacional

Postado por: em set 23, 2011 | 9 Comentários

Sobreviveram ao pré-conceito, àquela força restritiva imposta pela maioria sobre um pequeno e desorganizado grupo sem expressão política. Sobreviveram ao isolacionismo, não deixaram de produzir cultura que fizesse pontes para ligar diferentes geografias e pensamentos num diálogo em busca da paz. Sobreviveram ao poder reducionista do Mercado, não deixaram que sua música fosse identificada por uma prateleira da FNAC.
Estão avançando na luta pela cidadania artística, pela liberdade de ser brasileiro de outro jeito. Sobreviveram e estão construindo com criatividade e generosidade um lugar sem muros, nem cercas,aberto para visitas.
A nossa brasilidade é a brasilidade dos que creem e experimentam a Boa Nova, o Evangelho; daqueles que não negam o chão onde pisam nem se esquecem da Pátria que os criou – aquela Pátria que está pronta mas ainda não. Essa é a brasilidade dos sobreviventes, dos filhos destes também, que apoiados nessa herança de zelo e paixão pela Mensagem estão inventando artefatos, políticas, belezas, sermões, lugares, movimentos afim de que ninguém seja arremessado para fora da cultura,mas reconhecendo aqui mesmo – no meio do mundo – o lugar onde Deus continua nos livrando do mal. Onde seu povo vai se tornando um na diversidade, na riqueza de expressões que Ele mesmo nos mostra como insubstituível modelo.
O que nos faz brasileiros não é só uma língua, uma história e uma geografia em comum, é a liberdade de falar português com outra hermenêutica, com outra origem,com uma esperança absurda. De certa forma é uma brasilidade de gente que se sabe temporário, peregrinos, uma brasilidade hebraica, de quem é por enquanto e logo não será mais – daí o desapego, o descompromisso que nos torna mais leves para a invenção.
Alguém tem dúvida que a gente pode imbuir nessa amálgama tupiniquim um novo jeitinho que re-interpretará nossa identidade nacional?
Bora ver.

Hoje, no aeroporto de Confins, indo para Vitória.

Abraço demorado e bem vindo ao Blog.

Marcos Almeida.

9 Comentários

  1. Arthur Henrique Martins
    9 de outubro de 2011

    Sim, nós cristãos não devemos nos isolar do contexto nacionalizado. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:16) Não podemos, como luz, nos esconder. É colocar para o mundo “o nosso idioma do esperancês.”
    Isso aí Marcos, estou ansiosíssimo para o lançamento do livro. Abração de um fanzaço! (:

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  2. Daniel
    13 de outubro de 2011

    Fico feliz pela iniciativa. Esse blog vem preencher uma lacuna em nossa brasilidade, em nossa blogsfera. Vem trazer a discussão inadiável e de quem já está bem além das discussões dogmáticas.

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  3. Abner Melanias
    13 de outubro de 2011

    Almeida, discordo do tom exclusivista empregado alguns trechos que destaco a seguir:
    “A nossa brasilidade é a brasilidade dos que creem e experimentam a Boa Nova, o Evangelho” Porque não é considerada em sua afirmação a brasilidade dos que “ainda” não aceitaram as boas notícias? Entendo que o enunciador do texto, no caso vc, está discursando do ponto de vista cristão. E isso, de certa forma, não abraça, afasta.
    Outro ponto é […]movimentos afim de que ninguém seja arremessado para fora da cultura,mas reconhecendo aqui mesmo[…]. Oras, a partir da não consideração das múltiplas culturas, esse movimento já está sendo efetuado por suas letras, contidas aqui, neste espaço.
    Essa tal “uma brasilidade hebraica” não considera a herança africana ritualística porquê?
    Espero, sinceramente, que minhas perguntas sejam respondidas, porém contento-me apenas com a publicação do meu comentário neste espaço.

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    • Marcos
      13 de outubro de 2011

      Abner, você identificou logo no primeiro texto qual será o meu ponto de partida; a brasilidade daqueles que já creram. Não podemos esquecer que brasilidades são muitas e nesse Blog vou escrever muito pouco sobre aquele idioma “luso-indo-afro” – sobre isso sugiro outras leituras, como Freire, Damatta, Chacon, Ribeiro, Holanda. Vou aproveitar este espaço para conversar sobre aquelas outras contribuições que talvez muitos de nós desconheçam como sendo nossa. Continue lendo e comentando.

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  4. Deborah
    13 de outubro de 2011

    Gostei do seu texto e estou ansiosa pelo resultado final do seu trabalho. Está mesmo na hora de construirmos e fortalercermos a nossa identidade cristã sem abrirmos mãos de nossas influências culturais, cientes de que somos todos peregrinos. Abraços

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  5. david nascimento
    13 de outubro de 2011

    concordo e discordo.
    o apoio é pelo argumento a cultura, creio que a ditadura militar e pouco tempo de democracia no Brasil,nao tem sido tratada como deve.
    Entro com a discordancia até onde a brasilidade entra em acordo com os planos de Deus,será que enfatizar teorias humanas modificaria almas?
    fico feliz pelo blog,Deus abençõe

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  6. Jully Almeida
    13 de outubro de 2011

    Marcos…Almeida como eu 🙂
    Adorei o texto, o blog, a proposta, e não achei o tom exclusivista, porque ao citar a ‘nossa brasilidade’ você fala com propriedade do que nos é comum, sem descartar que existem tantas outras formas de brasilidades por aí, e muito menos sem descartar que essa nossa brasilidade possa um dia vir a ser a de outros também.

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  7. nossabrasilidade » Plano de Voo
    6 de abril de 2012

    […] “O que nos faz brasileiros não é só uma língua, uma história e uma geografia em comum, é a liberdade de falar português com outra hermenêutica, com outra origem, com uma esperança absurda.”  [ Setembro de 2011 ] […]

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  8. Magda
    1 de novembro de 2013

    É isso!! Tamo junto meu irmão! Vc fala td o que penso…só que mais bonito! kkkkkk

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