Hermano Vianna fala ao Estadão sobre cultura brasileira

Postado por: em fev 15, 2013 | 11 Comentários
Ivan Marsiglia, de O Estado de S. Paulo
*

Com a sua peculiar estridência, a assim chamada “nova classe média” ocupa, além de aeroportos e manchetes de economia, o centro da cena cultural brasileira. É o carnaval do Ai se eu te Pego, do tchererê-tche-tchê, da Beyoncé paraense Gaby Amarantos, da redenção do funk carioca e também da tragédia da Gurizada Fandangueira. Nessa explosão de sentidos figurados e literais, que marcas deixarão impressas na cultura nacional os cerca de 40 milhões de “ex-pobres” – na jocosa definição de MC Papo – que ascenderam ao mercado na última década?

Na opinião do antropólogo Hermano Vianna, antes de mais nada vale a pena remeter para a discussão da cultura a crítica feita pelo ex-presidente FHC ao termo nova classe média. “Há de tudo nela: pastores de igrejas evangélicas, DJs de tecnobrega, militantes de coletivos periféricos, donos de lan houses”, diz o irmão mais velho do guitarrista Herbert Vianna, dos Paralamas, e um dos mais importantes pesquisadores musicais do País. “O rótulo impreciso tenta dar conta de uma grande transformação da sociedade brasileira ainda não analisada devidamente.”

Aos que denunciam um suposto empobrecimento geral das manifestações artísticas no País, o doutor em antropologia social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – que também é consultor do programa Esquenta!, de Regina Casé, na Globo -, lança mão de uma metáfora, a do disco voador: trata-se de um olhar que sobrevoa o País sem conexão com o mundo de baixo que agora penetra a fuselagem da nave, incomodando seus finos tripulantes. E reedita, em tom de provocação, a enfática defesa que faz há anos da música mais popular dos morros cariocas. “Encontro no funk muitos elementos que o tornam superior a uma sub-MPB que tentam me empurrar como música de qualidade.”

Na última década, o Brasil vive a ascensão de uma nova classe média e a chamada inclusão pelo consumo. De que forma essa transformação se expressa no âmbito da cultura?

Em seu artigo de domingo passado no Estado, Fernando Henrique Cardoso escreveu que “a dissolução do conceito de classes em ‘categorias de renda’ chamadas classes A, B, C, D, ou nesta ‘nova classe média’, dificilmente se sustenta teoricamente”. Falou mais como sociólogo do que como ex-presidente ou político da oposição. Eu, como antropólogo, orientando de Gilberto Velho – por sua vez orientando de Ruth Cardoso, corajosa o suficiente para, durante a ditadura militar, aceitar que Gilberto fizesse tese sobre o consumo de drogas entre jovens da velha classe média -, posso afirmar que tal dissolução também não se sustenta culturalmente. Quando dizemos “nova classe média” estamos pensando num grupo extremamente heterogêneo em termos de estilos de vida e visões de mundo. Há de tudo nela: pastores de igrejas evangélicas, DJs de tecnobrega, militantes de coletivos periféricos, donos de lan houses, etc. O rótulo impreciso tenta dar conta de uma grande transformação da sociedade brasileira, ainda não analisada devidamente.

Em que termos falta analisá-la?

Ela não é apenas uma transformação econômica. Aconteceu ao mesmo tempo em que outras mudanças profundas se processavam. Na cultura, as consequências da revolução digital foram imediatas. O modelo de negócios da “indústria cultural”, que funciona na base do broadcast, poucos-para-muitos, ainda não conseguiu se adaptar ao mundo das redes, muitos-para-muitos. Por exemplo, o mundo das gravadoras de discos, que comandava o mercado mundial de música popular, praticamente desmoronou. Milhares de pequenos estúdios surgiram em todas as periferias. Seus produtos são distribuídos via internet e fazem sucesso sem precisar de rádio, imprensa, TV. Em 2006, quando escrevi o texto para lançamento do programa Central da Periferia, na Globo, deixei claro: somos a mídia de massa correndo atrás da música mais popular nas ruas brasileiras que nunca esteve na TV antes. Descrevi a grande mídia como um disco voador, sobrevoando o País, sem conexão com o mundo “de baixo”. De lá para cá, nada mudou tanto assim: apenas o barulho de fora (Ai se eu te Pego), amplificado por milhões de alto-falantes de som automotivo ou de celulares ligados em redes sociais, já penetra a fuselagem da nave, incomodando seus finos tripulantes.

O sr. quer dizer que há um incômodo com a democratização da cultura?

O melhor texto sobre isso é o do Otávio Velho dizendo que não há mais grotões no Brasil. Ele criticava a opinião de que os votos que elegeram Lula vinham de grotões ignorantes e sem conexão com a realidade contemporânea. Quem não viaja pelo interior não deve se dar conta disso. Quando piso em qualquer biboca, longe das capitais, logo encontro grupos articuladíssimos, tocando projetos sociais e culturais muitas vezes com repercussão internacional. E há também uma politização geral nesse interior que não é só de esquerda, e quase sempre não tem lugar definido no espectro ideológico tradicional. Ela é alternativa à vida político-partidária, parte do “disco voador”, e produziu importantes organizações como a Cufa (Central Única de Favelas) e o AfroReggae. O pop periférico e a politização cultural periférica – que não mantêm relações harmoniosas entre si – são as principais novidades culturais brasileiras das duas últimas décadas.

E as políticas de cultura do País, estão dando o melhor a essa população ou apenas reforçando estereótipos?

Políticas de cultura não devem “dar” nada para a população. Isso se parece com promessa velha de político acostumado ao ar condicionado no disco voador: “Vou levar cultura para as favelas”. A imagem tradicional era a favela como vazio cultural que devia ser iluminada com arte de fora. Os próprios favelados já deram a resposta: “Qual é, mané, o que não falta aqui é cultura”. As políticas de cultura, então, precisam trabalhar junto com o que já acontece em cada lugar, possibilitando uma melhor circulação de informações e contribuindo para ampliações de horizontes de maneiras de fazer arte, que foram criadas muitas vezes aos trancos e barrancos (ou dentro de barracos). Outro dia vi um censo cultural realizado com jovens de áreas “ex-pobres” – expressão inventada pelo MC Papo, rei do reggaeton mineiro – do Rio revelando uma maioria absoluta que nunca tinha ido a um show musical. Conheço bem as áreas onde a pesquisa foi aplicada e sei que essa rapaziada frequenta baile funk com muitas apresentações ao vivo. Aquilo não é considerado show musical? Por quem, o pesquisador ou o pesquisado? Show musical é o quê? Só o que acontece no Citibank Hall?

O sr. foi um defensor dos CEUs e dos Telecentros da então prefeita Marta Suplicy. O que achou do Vale Cultura, apresentado pela agora ministra?

O Vale Cultura não foi inventado pelo ministério Marta. Tem longa história de formulação e debate, anterior até à data de 2009, quando foi para o Congresso. Na época, o então ministro Juca Ferreira já precisou atacar a opinião de que o dinheiro “não deveria ser usado em baile funk”. Juca seguiu o pensamento de Gilberto Gil, que numa de suas melhores frases como ministro disse: “Cultura ruim também é cultura”. É isso, não tenho o que acrescentar porque sei que Gil e Juca sabem que funk não é cultura ruim. Gil até já cantou, em declaração de amor para o Rio, “quero ser teu funk”.

Então o sr. concorda com a resposta da ministra aos críticos do Vale Cultura: ‘Se quiser comprar revista de quinta categoria, pode’ e ‘compra porcaria quem quiser’?

É engraçado: quando a política deixa o mercado decidir como o incentivo vai ser usado, é acusada de sustentar cultura de mercado com dinheiro público. Quando quer corrigir “distorções do mercado”, como o fato de a região Sudeste acabar com a maior porcentagem do dinheiro da Lei Rouanet, é acusada de dirigismo cultural. Parece que todos preferem o imobilismo – que o ministério não proponha política nenhuma. Não morro de amores pelo Vale Cultura, mas encaro sua implementação como uma experiência. Por que, de antemão, achar que ele vai ser usado só em porcaria? Essa é a imagem que temos do tal “povo”, coitadinho, que precisa de nossa orientação para saber o que é bom. E se for assim, por que esses críticos não partem para a porta das fábricas para ensinar ao povo o que é bom, com serviço de van grátis direto para a Sala São Paulo?

A ida de Juca Ferreira, um baiano, para a Secretaria de Cultura paulistana de Fernando Haddad, lhe agradou?

Confesso que fiquei surpreso. Estamos acostumados a pensar a política estadual ou municipal de forma paroquial, como se só os locais pudessem lidar com realidades locais. Então foi surpresa boa: uma pessoa de fora pode descobrir maneiras novas para resolver velhos problemas já naturalizados pelos nativos. Mesmo quando entende as coisas de forma errada. Lembro a descoberta do tropicalismo pelos críticos estrangeiros nos anos 1990: eles falaram muita besteira, não captavam as sutilezas do nosso contexto, terrivelmente complexo para gringos. Mas aquilo me fez entender nosso passado musical com novos olhos, e tudo ficou ainda mais interessante. Espero que o mesmo aconteça com o diálogo entre o baiano Juca e os paulistanos, que sempre souberam acolher bem os baianos, a ponto de ninguém poder dizer com certeza se o tropicalismo é baiano ou paulistano. Mandei até uma sugestão, de que uma das primeiras ações do novo secretário deveria ser um encontro com a grande comunidade do samba paulistano.

E como vai a cultura em sua cidade, o Rio?

No Rio acontecem outras surpresas: uma pessoa de fora, o gaúcho Beltrame, impulsionou o projeto das UPPs. Por anos fui defender o funk e a possibilidade de realização dos bailes na Secretaria de Segurança – já que a Secretaria de Cultura nunca se pronunciava. Hoje, há uma nova era de projetos culturais. Bom sinal para a cidade, que agora, pós-tragédia em Santa Maria, terra do Beltrame, percebe como as coisas estavam descontroladas. Havia a tal da Resolução 013 que era sempre usada por policiais quando queriam fechar um baile. Tudo podia ser motivo: falta de saídas de emergência, banheiros, isolamento acústico, etc. Agora sabemos que mesmo os espaços culturais da prefeitura ou do Estado funcionavam contrariando regras de segurança. Por que só os bailes eram fechados?

E o carnaval? Nessa semana de exaltação e júbilo país afora, temos o que comemorar?

Este carnaval é do sertanejo, do arrocha, do funk paulistano. Ela é Top, do paulistano MC Bola, é a música mais tocada no rádio em Salvador, com versão bem local. Essa é a brincadeira musical preferida atualmente: os sucessos ganham versões em todos os ritmos do momento. E os estilos se misturam. Quem diria que o sertanejo iria virar música de balada? Quem diria que Campo Grande, Mato Grosso do Sul, iria se transformar na capital do pop brasileiro? Eu não entendia muito bem o mundo do sertanejo. Até que fui numa festa de fundo de quintal, bem familiar, em Campo Grande. Uma dupla tocava canções que eu nunca ouvira antes e todo mundo fazia coro, com emoção tão explosiva quanto no momento mais animado do bumbódromo de Parintins. Foi minha rendição: gosto de pop fake, mas também não resisto diante da autenticidade. Naquele momento, gostei por motivos antropológicos, o que me encantava era o amor que aquelas pessoas sentiam por aquela música. Estava claro que algo grande iria acontecer dali. Hoje gosto também por motivos musicais. Mas há outro aspecto interessante nessa brincadeira, que é bem mais que música. Ninguém, nem mesmo o fã mais “inculto”, acha que Ai se eu te Pego é um clássico de Tom Jobim. Aquilo é outra coisa: um mote para festa, para animação coletiva. Começou com uma cantoria de meninas paraibanas viajando para a Disney, virou refrão para animar turistas em Porto Seguro e depois forró em Feira de Santana. Michel Teló transformou o resultado em canção pop, que já foi apropriada em vídeos em todo o planeta, como Gangnam Style. O que importa aí é o processo, a diversão agora, o riso solto, e não a obra-prima para ser venerada como fuga de Bach. É preciso julgar as duas coisas com critérios diferentes.

O sr. parece otimista, mas há alguns dias o sambista Zeca Pagodinho criticou o carnaval no Rio, disse que ‘tudo foi roubado’ e não se vê mais nem enfeites nas ruas de periferia. Sambas-enredo falam de países distantes e cavalos manga-larga por exigência de patrocinadores. E até o elogiado renascimento dos bloquinhos de rua, em contraponto ao megashow mercantilizado do sambódromo, já é promovido por marcas de cerveja. A massificação põe em risco a riqueza da festa?

O carnaval é uma festa moderna, que cresceu mesmo a partir do final do século 19. O primeiro desfile de escola de samba aconteceu em 1929, e o patrocínio dos jornais foi importante para sua popularização e “oficialização”. Antes era algo menor no calendário cultural do Rio. A grande festa da cidade era o Divino, que ocupava o Campo de Santana durante várias semanas. Desapareceu. Nem por isso o Rio deixou de ser o Rio. Tudo muda. E muitas novidades importantes têm origem em desrespeito a tradições. O baiano Hilário queria botar seu terno de Reis nas ruas cariocas. Notando que o 6 de janeiro não era dia de folia no Rio, resolveu sair no carnaval. Deu nos ranchos, nas escolas de samba e assim por diante. Se fosse fiel às regras tradicionais, a cultura da cidade hoje seria bem diferente. Eu adorava o carnaval no Centro do Rio no início dos anos 80. Cacique de Ramos e Bafo da Onça desfilavam gigantescos, empolgadíssimos. Aquilo foi minguando, melancolicamente. Houve ano que não escutei nenhum som de blocos na rua. Hoje há cada dia mais blocos, cada vez maiores. A garotada carioca, de todas as classes, voltou a ter no carnaval sua melhor festa. Você não gosta de blocos comerciais? Não se preocupe, há muitos outros que fogem do comércio. Neste ano vai ter até bloco que só canta marchinhas baseadas em tragédias gregas.

Há quem veja, no entanto, um empobrecimento nas manifestações artísticas de hoje, especialmente se lembrarmos do samba de raiz de Cartola e Pixinguinha, por exemplo. Não há em seu discurso uma certa correção política que impede a crítica?

Cito mais uma vez Gil: raiz para mim só de mandioca. Samba é música moderna, criada no início do século 20, inclusive com a invenção de instrumentos novos, como o surdo, criado a partir de tonéis industriais. Tudo muda, o tempo todo. Ficou mais pobre? A partir de que critério? Sei que o relativismo está fora de moda. Nem ligo: sou relativista incorrigível, cada vez mais radical. Constantemente me pego fazendo coro para Hêmon brigando com seu pai Creonte, em Antígona: “Guarda-te, pois, de te apegares a um só modo de pensar, crendo que o que dizes, e por seres tu que o dizes, exclui qualquer outra possibilidade de ver e sentir as coisas”. Não tem quem me convença que há um fundamento estético único a partir do qual podemos decretar o empobrecimento ou o enriquecimento das criações humanas. Mas digamos que há: então encontro no funk muitos elementos que o tornam superior a uma sub-MPB que tentam me empurrar como música de qualidade. O tamborzão do funk salvou a música brasileira na virada do século 20 para o 21. É vanguarda mesmo, concretismo eletrônico afro-brasileiro. Mas para quem acha que hip hop não é música, ou que Stockhausen não é música, o que estou falando é delírio. Um consolo é saber que a produção da gravadora Motown um dia foi considerada por todos os críticos como lixo comercial sem futuro.

A que servem iniciativas suas como o programa Esquenta!, com Regina Casé?

Antes de qualquer outra coisa queremos fazer uma boa festa. Nas gravações do programa, os momentos que mais nos agradam são quando a plateia assume o controle e viramos espectadores da farra coletiva. Como em qualquer outra festa boa, para isso acontecer é preciso reunir gente que pensa diferente e não tenha preconceito diante das diferenças. Reunião só com gente que pensa igual não tem graça.

O Brasil deveria apostar num programa de inclusão social pela cultura?

Detesto a palavra inclusão por motivos que já comentei nas respostas anteriores: parece que a salvação do excluído – que não tem nada, é um vazio a ser preenchido por bom conteúdo – está na sua captura por um mundo que não é dele, não sua transformação em Outro. Partindo dessa premissa, a política cultural já seria de grande valor se não atrapalhasse o que já existe. O governo tem enorme dificuldade para criar e implantar política cultural. Mas política anticultural é corriqueira. Como a proibição dos bailes funk quando a música estava nascendo, empurrando-a para dentro de morros controlados pelo tráfico armado. O “funk proibidão” foi produto dessa ação anticultural do poder público.

 

[FONTE: estadao.com.br ]

11 Comentários

  1. Davi Vinícius
    5 de março de 2013

    Marcos, muito boa e oportuna a entrevista do Vianna. Entretanto, gostaria de ponderar alguns pequenos pontos. Partamos da seguinte afirmação de Vianna:

    “O modelo de negócios da “indústria cultural”, que funciona na base do broadcast, poucos-para-muitos, ainda não conseguiu se adaptar ao mundo das redes, muitos-para-muitos. Por exemplo, o mundo das gravadoras de discos, que comandava o mercado mundial de música popular, praticamente desmoronou. Milhares de pequenos estúdios surgiram em todas as periferias.”

    Primeiramente se a indústria cultural perdeu muito de seu “monopólio” na produção e distribuição da arte devido à democratização ao acesso dos meios tecnológicos em especial os digitais, ela não perdeu seu papel de pautar a cena artística e por consequência, aquilo que possivelmente terá maior repercussão. É claro que jovens de um morro do Rio, ou de um mangue no Maranhão, conseguem, com não muitos recursos, gravar um clipe com áudio e vídeo razoáveis e em seguida postarem em algum site de compartilhamento, podendo ter algumas, centenas, milhares, ou por vezes até milhão de acessos. Possibilidades estas ainda remotas à 10 anos atrás e quase inexistente à 20. Por conseguinte, o sucesso “espontâneo” advindo destes meios não é a regra, mas a exceção. O comum é os artistas alcançarem apenas o círculo social em que convivem. Os grupos artísticos que conseguem repercussão têm em sua maioria grandes empresas realizando a publicidade. O “jabá” não deixou de existir e a televisão ainda é o principal meio de mídia a influenciar as pessoas em seus gostos e opiniões. Ou seja, hoje as grandes empresas não ganham tanto dinheiro com venda de discos, mas aumentaram cada vez mais sua cota parte no valor cobrado no show dos artistas e seu assessoramento “come” parte importante dos ganhos dos mesmos, pois ainda possuem meios bastante efetivos de realizar publicidade e propaganda.
    De fato a indústria cultural perdeu seu monopólio na produção e circulação dos produtos artísticos, mas não perdeu seu poder produzir e circular a mercadoria e, fundamentalmente, de influenciar, até porquê ela mesma, divide espaços com os pequenos produtores/autores em sites de compartilhamento de vídeos e músicas na internet. Ou seja, mudou seu modo de ação, pois desmoronou seu monopólio cultural, entretanto, ainda existe com força semelhante à que tinha antes, cabe ressaltar, com novas táticas de mercado.
    Por fim, mesmo que Vianna queira enfatizar a necessidade e a importância da pluralidade cultural, ao dizer que

    “ Não tem quem me convença que há um fundamento estético único a partir do qual podemos decretar o empobrecimento ou o enriquecimento das criações humanas.”

    Acaba recaindo em uma postura sobretudo cômoda e falsamente pluralista. Vianna nega-se à julgar um “bem artístico”, como se só fosse possível julgá-lo a partir de um único parâmetro. Ora, um julgamento qualificado compara inúmeros aspectos, comuns ou não, entre obras de arte. Buscando nestas igualdades e diferenças compreender e expor os aspectos criativos, conservadores, técnicos, etc., Por exemplo, o pagodeiro Belo pode ter sua poesia comparada com a de Cartola, identificando-se por exemplo, como que este tratou em suas melodias de temáticas mais variadas que aquele, talvez, contextualizando e comparando os períodos históricos, por conta do maior assédio comercial que as músicas ditas de “amor” tenham no período histórico atual, etc. Zeca pagodinho pode ter suas melodias comparadas com as de Bezerra da silva, em particular, como exemplo, a temática da malandragem, na busca de igualdades e diferenças, pode-se encontrar um rico e vasto conhecimento, que não necessariamente implica em hierarquização. Mas, também, MV Bill pode ter suas letras e melodias comparadas com as de Mister Catra e se, por exemplo, é identificado machismo em ambas poesias, poder-se-ia concluir que em Mister Catra encerra um conjunto maior de padrões e estereótipos da mulher enquanto que MV Bill promove, apesar do machismo, maior diálogo entre os gêneros e suas diferenças.
    Portanto, julgar uma arte não é menospreza-la, nem comparar é esvaziá-la de seu conteúdo. Ao contrário um julgamento pode enriquecer a obra de arte em seus sentidos e interpretações, desde que os parâmetros de avaliação sejam cristalinos e uniformes para obras de artes equivalentes. Até porquê a contextualização pode auxiliar um leigo a melhor entendê-la, todavia, importante lembrar, nenhuma contextualização tomara lugar da apreciação e entendimentos individuais. No mais, o principal fundamento estético pelo qual a arte é julgada dia após dia é o fundamento do mercado, se é vendável ou não, julgamento inescapável a todo artista ‘residente’ na sociedade capitalista. E se por um lado Vianna busca sempre mostrar a importância e diversidade da cultura local, particular, por outro ele mesmo assessora um programa o qual sob a ótica da grande mídia escolhe e exibe o que é a cultura de periferia. Muito tênue esta linha e abster-se de julgamentos é o caminho mais conveniente para ele.

    Abrs,

    Davi Vinícius

    Reply
  2. Spoulouth
    12 de maio de 2013

    150 Apo Fluconazole No Prescription Cheap Colofac Veronica Mars Plan B Francis Capra tramadol fedex overnight delivery. Low Sperm Count And Clomid Will Best Treatment Arthritis Heartburn Salad Dressing Vicodin Death Dangers . Methadone Side Effects For Pain Lexapro And Pregnancy Category . Tips To Help You Stop Smoking Cigarette Smoke Home Weight Loss Program Mediterranean Diet Tramadol Capsule Cod Last Longer No Prescription Odds Of Clomid Babies Zoloft Safe In Conception Cartier Glasses Wholesale

    Reply
  3. TeliGoala
    12 de maio de 2013

    Renal Tubular Acidosis Diabetes Normal Anion Gap Subway Jared Weight Loss Betnovate N Ointment Prurigo Nodularis Adderall Online Purchase. Lowering Blood Pressure With Systolic And Diastolic Tylenol And Dog Breeds Diabetes Telethon Atlantic City Plan B Pill Price At Rite Aid . No Prescription Buy Septra lesson plan on action verbs . Cancer Metastasis From Lungs To Brain Methotrexate And Pain Right Abdominal Losartan Hydrochlorothiazide Side Effects Combination Brooklyn Ny Diabetes Walk Antibiotics That Treat Methanococcus Benadryl Allergy And Korean Dosage How Do You Take Someones Blood Pressure

    Reply
  4. Diossyonton
    12 de maio de 2013

    Motrin 3 Coffee Flomax Shortness Of Breath Tamsulosin Hydrochloride Yellow Zone Asthma Severity Shelf Life Cialis Online Pharmacy. Nolvadex Clomid Combo For Pct Bupropion Re Advanced Side Effects Of Prednisone Tylenol Best Pregnant . Colon Cleanse Diabetes Tramadol Usa . Earles Skin Care Reductil Product Recall Nexium Pill Discount Resveratrol Arthritis Prednisone Flu Kmart Lipitor Alesse Acne Reviews

    Reply
  5. Pattreuth
    12 de maio de 2013

    Bactrim Staph Aureus Skin Infections Type 1 Definition Gestational Diabetes Arthrocare Arthritis Foundation X26 Research Oxycontin Use In Delivery. Cancer Online Support Sauna Weight Loss Bag Can You Take Claritin And Nyquil Alternative Allergy Treatments . Klonopin And Multivitamins Diabetes Data And Trends Cdc Gov . Methi Weight Loss Reductil Tab Mg Canadian Pharmacy Propecia No Prescription Cymbalta Recommended Dose Mexican Diabetes Federation Study Verapamil And Migraines Beta Blockers What Nationality Is Oxycontin

    Reply
  6. Bruissepelp
    12 de maio de 2013

    White Swan Echinacea Levothyroxine And Does Alli Work Lipitor Atorvastatin 10mg 45 Buy 1000 Mg Prescription Generic Diflucan. Clips Of Xanax Bars Xenical Patient Information May Alternative Psoriatic Arthritis Treatments How Long Does The Animation Of Valium Last . Steak And Drink Allergy How Accurate Is Tribulus . Acyclovir Online Tarif All Health Skin Care Clomid Order Online Pharmacy Tenormin 25mg Canada Medrol Prednisone Format No Prescription Wave Benazepril Proton Pump Inhibitor And Zocor

    Reply
  7. Redoeffople
    12 de maio de 2013

    Peas And Coumadin Leafy Green Vegetables Symptoms Of Bed Bug Allergy . Effects Of Hair Loss Genrx Diclofenac Dose Facts About Prescription Drug Tramadol 50mg Lotensin Norvasc No Prescription Cat Diarrhea Prednisone Laxatone Cimetidine Cancer Suppressed Immune System How Dog Blood Pressure Medications Work . Yasmin Birth Control Report Side Effects Lawsuit Prozac Vs Escitalopram Birth Control Side Effects Depo Provera Shot Oxycodone Canadian Pharmacy. Tramadol Class Analgesic Cheapest Ultram Online Southdale Allergy And Asthma 65th Ultram More Practice_guidelines Hcl .

    Reply
  8. gugscyday
    12 de maio de 2013

    Chest Infections Allergies Fatal Asthma Attack Hospital Admissions People Who Have Taken Zoloft Xanax Long Term Effects Panic Disorder. Controlling And Reversing Arthritis Naturally Generic Pulmicort Nebulizer Growth Hormone Weight Loss Lexapro And Nitrates . Buy Ginseng Seeds Golden Nature’s Benefit Hoodia Supreme Retail . Newest Drugs For Osteoporosis Bayer Aspirin Crystal Dissolve Zovirax No Prescription Hq Risk After Gestational Diabetes Symptoms Pasta Arthritis Zyprexa More Patient_handouts Atypical Antipsychotics Vitamin B1 Powder

    Reply
  9. Spoulouth
    12 de maio de 2013

    Meta System Natural Weight Loss Sex Migraine Throbbing Pain Will Clomid Increase Fertility For Me Tramadol No Prescription Saturday Delivery Cheapest. Type 1 Diabetes For Toddlers Lower Back Injury Heartburn Im Reconstitution Zyprexa Zydis Nestle Allergy Facts . Diabetes Foreningen Og Medications Like Prozac Bulimia Nervosa . Pics Of Lithium Carbonate Staci Christie Skin Care Beauty Salons Tramadol Prescription Medicines Cod Top Asthma News Chloroquine Use Salmonella Resistance Nortriptyline For Brain Pain Valium Pill Identifier Vault

    Reply
  10. Haisquask
    12 de maio de 2013

    Aleve Feel Better Campaign Topamax Skin Metabolic Acidosis . Managing Diabetes In The Elderly 2005 Free Sample No Prescription Buy Viagra Using Phentermine For Obesity Buy Nexium Online Cheap American Diabetes Organization Tampa Effexor Generic Brand Norepinephrine Reuptake Inhibitors Cod Online Pharmacy Buy Cheap Soma . Lasix And Thrombocytopenia Renal Insufficiency Dilantin Side And Low Blood Pressure Get Rid Heartburn During Pregnancy Medical Phentermine Online. Plan B Medication Fertilized Egg Does Work Buy Vpxl The Benefits Of Saw Palmetto Prostate Health Lithium Ion Battery Pcga-bp2nx .

    Reply
  11. piccoli-traslochi
    12 de maio de 2013

    È difficile trovare persone competenti su questo argomento, ma sembra che voi sappiate di cosa state parlando! Grazie

    Reply

Deixe uma resposta para Spoulouth

Cancelar reply