É lá se foram Dom Robinson e sua esposa. Foram conhecer o Reino que tanto esperavam.

Postado por: em mar 4, 2012 | 2 Comentários

Rev. Gerson Freire

Essa semana fomos todos surpreendidos com o assassinato do Bispo Robinson Cavalcanti e sua querida esposa. Todos sofreram! A igreja sofreu… a sociedade, os amigos e parentes. O único que não sofreu nisso tudo foi Deus. Deus foi logo dando boas vindas ao casal e mostrando os aposentos e servindo uma pamonha a Dom Robinson! Alegria por lá, choro pras bandas de cá.

Quero escrever esse texto não pelo prisma da dor que todos passamos, mas olhando o que Bispo Robinson significou pra essa geração. Dom Robinson é uma daquelas mentes brilhantes que demoram pra surgir novamente. Sua ligação com a cultura nordestina, pernambucana, olindense, deu a ele todo um sabor e um tom, seja na sua vida acadêmica como em sua carreira como teólogo e sacerdote Anglicano. Por onde passava deixava claro que era nordestino e com orgulho santo! Sempre também deixou claro sua posição de fé Cristã e reformada, mas nunca com tom de superioridade apenas de confessionalidade consciente e devota. Foi um batista que se converteu ao Anglicanismo e contava com o respeito do Bispo de Cantuária na Inglaterra.

Aqueles que acompanharam o surgimento da Teologia da Missão Integral foram diretamente impactados pela vida de Dom Robinson, pois de forma magistral, ele apresentava esse projeto de vida para a Igreja, o qual ele chamava de missão. O humor afiado era sempre presente em suas palestras e conversa de corredores, assim como o vasto conhecimento da história da Igreja contemporânea. Esteve presente nos três encontros do Movimento de Laussane. Propunha uma releitura dos símbolos cristãos a partir de um olhar protestante desse símbolos. Gostava de comemorar o dia de São João, e quando era interrogado sobre isso dizia com tom brando e alegre, “Estamos apenas celebrando o aniversário do priminho de Jesus”. Tinha o respeito das lideranças de todas denominações históricas, no Brasil e em vários países, mas era gente simples. Na vida acadêmica seu currículo é de deixar qualquer um de queixo caído, mas ainda sim era gente simples.

Bem, isso foi uma breve introdução da vida de Dom Robinson. Agora, o que me deixou mais chocado em tudo isso, nessa tragédia, foi o fato de que grande parte do que hoje se chama Igreja Evangélica não sabe quem era esse servo de Deus. Eu sei que isso não parece ter importância, mas de fato é um dado que muito explica os caminhos por onde grande parte do povo que usa esse título tem percorrido. Verifiquei que a grande maioria dos portais de noticia do meio gospel se quer deu uma pequena nota de falecimento. Minha conclusão é que Dom Robinson parecia viver em um mundo paralelo. Isso diz muito sobre a agenda e prioridades da Igreja hoje.

Dom Robinson Cavalcanti

Bem, espero que a morte de Dom Robinson seja aproveitada por todos que ouvirem seu nome e que busquem conhecer a proposta de vida desse irmão querido. Não estou querendo fazer um herói, apenas convidar essa nova geração de cristãos evangélicos para conhecer a obra e a graça na vida de preciosos irmãos que trabalharam dedicadamente em prol do Reino invisível de Deus. Existem tantos outros, tanta gente boa, tanta gente do bem…Lembro-me aqui nesse momento do irmão Waltir, que faleceu um dia após Dom Robinson.

Posso te dar uma dica? Vá até o youtube e assista ao máximo de palestras de Dom Robinson Cavalcanti. Você será tremendamente abençoado e ao mesmo tempo conhecerá uma das mentes mais brilhantes do protestantismo brasileiro. Chamo a atenção para as palestras que falam dos símbolos e da identidade da Igreja. Aventure-se…ouse! Permita-se ser alcançado pelo pensamento dele. Que Deus seja louvado nisso tudo.

Rev. Gerson Freire

Março de 2012.

2 Comentários

  1. Rev. Haroldo Mendes
    4 de março de 2012

    Parabéns Rev. Gérson pelo belíssimo e esclarecedor texto. Realmente a Igreja Evangélica Brasileira precisa repensar seus valores!

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  2. Brunão
    5 de março de 2012

    Compartilho da perplexidade do amigo Gerson Freire. Percebi algo semelhante há pouco tempo com a morte do John Stott. O texto é uma boa deixa para refletirmos para quem olhamos, a quem imitamos (conforme 1 Coríntios 11:1).
    Estamos nos inspirando em quem se inspira no Cristo ou estamos buscando quem reproduz modelos anticristãos?
    Que a inestimável morte de Dom Robinson nos ajude a refletir sobre os passos que seguimos.

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