Ao Yago – sobre as bases, antes dos muros.

Postado por: em jun 3, 2013 | 12 Comentários

Ei Yago, tudo bem?

Obrigado por compartilhar de forma divertida e honesta suas reflexões a respeito de música, cultura e cristianismo. Enquanto assistia o vídeo, lembrei que tempos atrás recebi um convite de certo seminário para falar sobre o papel do músico na Igreja. Daí, resolvi organizar tudo que já tinha vivido, estudado e ouvido sobre o assunto, desde 1998 quando comecei a servir no louvor da Igreja até o presente dia, onde sou compositor e integrante de uma banda brasileira de rock. Reuni um conteúdo básico e levei para os alunos.

Como começou a história da música na Igreja? Perguntei pra turma e quase os fiz morrer ao colocar a música da época pra gente ouvir. Podia ver alguns alunos pedindo com os olhos para acabar logo, outros quase dormiram, alguns estavam se descobrindo como monge católico, mas graças a Deus ninguém veio pra cima do professor. Tiveram que ouvir Cantochão e partes da missa, Kyrie, Gloria, Credo, Agnus Dei. Passamos por Thomas Thallis [nenhuma relação como o Roberto, você sabe], Palestrina, Bach, William Byrd e Schubert. Pedi pra eles comentarem só no final, depois fiz uma pausa para o café – para alegria geral. Voltei com Hillsong, Jesus Culture, John Mark McMillan e mandei cinco perguntinhas:

1. Na antiga música sacra o ouvinte participava passivamente?
2. Qual a participação do fiel ouvinte na música sacra contemporânea?
3. Hoje, o que garante que a ação do ouvinte é ativa no período de música dentro dos cultos? Os gestos, as danças, gritos, assobios, palmas?
4. O silêncio desapareceu dos nossos cultos? Onde está aquele silêncio que Jesus buscava para orar?
5. Existe algum fator que caracteriza e diferencia uma música sacra? Seria só musical ou teria algo espiritual?

Foram embora com essa perguntas. Mas lá no inicio mostrei a linha do tempo desta arte tão rica que chamamos “música sacra” e que também pode ser denominada “música do Templo”. Depois apontei quais seriam os pressupostos bíblicos para ela existir:

 

LINHA DO TEMPO

Da Sinagoga para o Cantochão até se estabelecer na forma fixa da Missa. Depois passamos pela reforma, falamos da música americana até chegar nos dias de hoje.

 

PRESSUPOSTOS BÍBLICOS

Liturgia cristã; fontes primitivas no novo testamento (versículos abaixo) e em São Justino (140 D.C.)

Como era o culto?

“Consistia em um ato penitencial (Confiteor, Kyrie), uma oração em nome da comunidade (oração-coletiva, oração dos fiéis), leituras do Antigo Testamento, das cartas de São Paulo e, mais tarde, dos Evangelhos. As leituras eram intercaladas com hinos e salmos, terminando com um sermão.” (São Justino).

Assim, a estrutura da liturgia de hoje [nas igreja católicas tradicionais] é essencialmente a mesma dos tempos de Paulo.

 

E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.
Atos 20:7

E, depois da lição da lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai.
Atos 13:15

No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.
1 Coríntios 16:2

Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
1 Coríntios 14:26

Aqui entra o ponto tão ressaltado por você: a direção do culto, o propósito dele e do que existe nele, edificar.

 

OS LIMITES

Na outra aula (sim, eles tiveram coragem de continuar!), cheguei com uma pergunta:

Quais são os limites para a música sacra?

Mais uma vez ligamos o sistema de som e rolou: Divisa de Fogo / Ministério Fogo no Pé. [reteté], O Som do Céu/Tribo do Funk [funk carioca] e Abalou/ Mylla Karvalho. [calypso]. Aí a sala veio abaixo, foi uma loucura! O clima descontraído ajudou a gente a pensar sobre a perguntinha dos limites e partimos para o tão aguardado tema O SAGRADO E O PROFANO NA MÚSICA DA IGREJA. Os fiz ler alguns embates históricos sobre o tema – justamente porque tem muito blogueiro e gente preguiçosa achando que esse debate é da igreja do século XXI, quando que de fato tal tensão acompanha a vida da igreja desde sua nascente e vai continuar acompanhando…

Clemente de Alexandria [150-215]

No segundo século, Clemente de Alexandria [a quem o historiador Eusébio de Cesareia considerava incomparável mestre da filosofia e, para São Jerônimo, o mais erudito dos Padres da Igreja ] mostrou sua extrema antipatia pelos instrumentos no culto sagrado, com as seguintes palavras:

“Porque se o povo ocupa seu tempo com flautas, saltérios, coros, danças, bater palmas à moda egípicia, e outras frivolidades desordenadas, torna-se bem indecentes e intratáveis, batendo címbalos e tambores e fazendo barulho com os instrumentos de engano.” Citado por Idelsohn em Jewish Music, pág. 94. [fonte, Helen G Grauman, 1968, pág 173]

João XXII [1249 -1334] é severamente criticado no livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco, retratado pela personagem principal Guilherme de Baskerville e pelos frades menores como um herege sagaz. [Wikipédia]

“ João XXII, tornou pública, em 1324, a bula Docta sanctorum patrum, na qual condenava alguns dos usos musicais na liturgia da época:

‘alguns discípulos da nova escola tentam, com novas notas, expressar melodias compostas por eles mesmos, em detrimento dos antigos cantos. Por meio do descante introduzem a efeminação e chegam a desprezar os princípios fundamentais do antifonário e do gradual. Os sons que correm sem descanso, deleitam o ouvido mas não curam a alma, fazendo-nos esquecer da piedade.’

A nova escola a que se refere este documento recebeu o nome de Ars nova , representada principalmente por Philippe de Vitry e Guillaume de Machaut.” [ in História da Música Sacra, 1998, Ediciones Altaya S.A]

 

João Calvino (1509 – 1564 ) Instituiu o saltério de genebra (salmos, com música diretamente ligada ao texto, de formato majestoso, moderado, modesto e compreensível). Aboliu toda tradição católica, a música erudita e folclórica. Queria proteger a Igreja de acréscimos da tradição humana. Acreditava que Paulo previu só o cântico dos Salmos do Antigo Testamento no culto público. Era cantado em francês e sem nenhum acompanhamento.

 

Marinho Lutero [ 1483 – 1546 ]

“Para satisfazer as exigência do novo culto evangélico, em 1523 Lutero publicou Ordem de Culto, que acentuava o lugar central da pregação. Sua Fórmula da Missa, excluía as implicações sacrificiais, recomendava a ministração do cálice aos leigos e aconselhava o emprego de hinos populares” [Walker, vol II, pág 24, 1983]

Um exemplo bem claro desta assimilação cultural encontra-se no frontispício de um hinário que apareceu em Frankfurt, em 1571: “Canções da Rua, canções de ginetes e canções montanhesas, transformadas em canções cristãs e morais para fazer desaparecer, com o tempo, o mau costume de entoar cantigas levianas nas ruas, nos campos e no lar, substituindo-as pelos belos e decentes textos religiosos que se encontram aqui” [http://bit.ly/sagradoeprofano]

 

PRA PENSAR

Em seguida, separei a turma em grupos. Cada grupo deveria ter no máximo 5 pessoas. Entreguei as perguntas que deveriam ser discutidas entre os participantes:

1. Existe uma música sacra? O que faz a música ser boa para as reuniões da Igreja?

2. Se você fosse um mestre, líder ou pastor da Igreja e tivesse que delinear a forma ideal para o serviço de música, o que você tentaria proibir e o que estabeleceria como certo? Descreva o melhor formato de música para a sua Igreja.

Palavras-chave: ponto de tensão, redenção de cultura, limites pessoais, materiais disponíveis para fazer a música.

Depois de 45 minutos de intenso debate – realmente, estavam totalmente envolvidos porque muitos deles já atuavam como pastores em igrejas reais – eles voltaram com um tipo de bula papal determinando o que deveria ser excluído ou incluído na musica das suas igrejas. Muito curioso que o funk, tadinho, ninguém quis na santa ceia mas aceitaram o ritmo carioca em outros cultos “menos importantes”.

Nessas duas aulas não falei quase nada. Só no final coloquei algumas conclusões obvias e simples, as quais compartilharei aqui nesse longo texto. Se quiser chegar nelas, basta ir para o último parágrafo.

 

HINOS PRIMITIVOS NO NOVO TESTAMENTO

Sobre a hinologia dos primeiros cristãos, não sabemos como era a melodia, pois a partitura musical só veio a ser desenvolvida séculos depois. Uma coisa sabemos: Jesus, aqui na terra, nunca cantou um hino cristão! A nossa música é filha da sinagoga que Jesus frequentava. Essas músicas eram passadas de geração em geração, de forma oral, tiradas de ouvido. Mas é bem certo que a estrutura melódica tenha recebido além da influência de música judaica, uma contribuição grega também – estes, os gregos, foram sendo acrescentados à fé cristã e até o século IV a música da Igreja era cantada em grego, sendo substituída pelo latim depois de Constantino. As sinagogas, o templo, os gentios, os gregos, homens, mulheres, bárbaros, gente da alta sociedade e escravos, toda essa cultura se misturou – tudo por causa de Cristo que é o ponto de encontro – e desse encontro se formou a musicalidade dos primeiros cristãos. Não temos a partitura, o som exato dessa música, mas temos aqui alguns textos que provavelmente faziam parte do cancioneiro da época e que são mencionados na Bíblia:

1 Timóteo 3:16

Deus foi manifestado em corpo,
justificado no Espírito,
visto pelos anjos,
pregado entre as nações,
crido no mundo,
recebido na glória

Filipenses 2:5-11

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,

que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;

mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.

E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!

Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome,

para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra,

e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Colossenses 1:15-20

Ele é a imagem do Deus invisível,
o primogênito de toda a criação,
pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra,
as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos ou soberanias,
poderes ou autoridades;
todas as coisas foram criadas por ele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas,
e nele tudo subsiste.
Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja;
é o princípio e o primogênito dentre os mortos,
para que em tudo tenha a supremacia.
Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude,
e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas,
tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu,
estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.

João 1:1-14

No princípio era o Verbo,
e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele,
e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida,
e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas,
e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem enviado de Deus,
cujo nome era João.
Este veio para testemunho,
para que testificasse da luz,
para que todos cressem por ele.
Não era ele a luz,
mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira,
que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Estava no mundo,
e o mundo foi feito por ele,
e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem,
mas de Deus.
E o Verbo se fez carne,
e habitou entre nós,
e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade

Lucas 2:14

Glória a Deus nas maiores alturas,
e paz na terra entre os homens de boa vontade.

[Alguns lembraram que o artista popular Roberto Carlos canta isso em “Todos estão surdos” e que artistas “religiosos” andam gritando conteúdos bem diferentes]

Hebreus 1:3

O Filho é o resplendor da glória de Deus
e a expressão exata do seu ser,
sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa.
Depois de ter realizado a purificação dos pecados,
ele se assentou à direita da Majestade nas alturas

1 Pedro 1:18-21

Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis
como prata ou ouro que vocês foram redimidos
da sua maneira vazia de viver
que lhes foi transmitida por seus antepassados,

mas pelo precioso sangue de Cristo,
como de um cordeiro sem mancha e sem defeito,
conhecido antes da criação do mundo,
revelado nestes últimos tempos em favor de vocês.

Por meio dele vocês crêem em Deus,
que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou,
de modo que a fé e a esperança de vocês estão em Deus.

Lucas 1:46-53

[ “O Magnificat”, texto usado em grandes obras sacras desde o primeiro século da era cristã]

Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,

e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;

porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,

porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.

E a sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.

Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de seus corações;

depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.

Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.

Outros cânticos parecem ser mencionados em textos como Lucas 1:67-79; 2:29-32 Efésios 5:14, 1 Pedro 2:21-25; 3:18-22. Sem mencionar a “música do céu”, os “novos cânticos do apocalipse” que podem ser lidos aqui Apocalipse 4.8,11; 5.9-10, 12-13; 7.10,12; 11.15, 17-18; 12.10-12; 15.3-4; 19.1-8; 21.3-4.

 

PRA PENSAR +

Reuni o grupo de alunos-teólogos-papais e entreguei a seguinte questão:

“Os mestres da Igreja deveriam se preocupar com o que estamos cantando ao invés de ficar tentando definir como devemos cantar? Avalie o conteúdo dos hinos primitivos encontrados no Novo Testamento e compare com o que é cantado na sua Igreja nos dias de hoje. Faça um breve comentário.”

 

CONCLUSÃO

Após uma boa conversa encontramos algumas conclusões. Enfim, como deve ser a música na Igreja? Quais os fundamentos bíblicos, revelados por Deus, para o serviço de música?

 

1. É movido pelo Espirito Santo. [Salmos, hinos e cânticos – espirituais]
Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; Efésios 5:19

2. Tem uma direção: ao Senhor.

Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; Efésios 5:19

3. Tem um propósito: edificar, doutrinar, ensinar e admoestar o corpo de Cristo.

Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. 1 Coríntios 14:26

A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
Colossenses 3:16

4. É realizado pelo indivíduo (sacerdócio real) tendo em Jesus Cristo o único Sumo sacerdote. Ninguém pode louvar a Deus por mim, ninguém pode me representar, sou escolhido, tenho a honra de anunciar Suas virtudes. Eu canto Nele e para Ele, mas quem canta sou eu. Fim do sacerdócio levítico, início do sacerdócio universal dos crentes.

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. 1 Pedro 2:9-10

Pois sobre ele é afirmado: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. A ordenança anterior é revogada, porquanto era fraca e inútil
( pois a lei não havia aperfeiçoado coisa alguma ), sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus. E isso não aconteceu sem juramento! Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer juramento,mas ele se tornou sacerdote com juramento, quando Deus lhe disse: “O Senhor jurou e não se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para sempre’ “.Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior. Ora, daqueles sacerdotes tem havido muitos, porque a morte os impede de continuar em seu ofício; mas, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.

É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus. Ao contrário dos outros sumos sacerdotes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele fez isso de uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu. Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho, perfeito para sempre. Hebreus 7:17-28

5. É privilégio de TODOS.

Não existem barreiras étnicas, como também, ao mesmo tempo, a individualidade é valorizada. Todos os povos são chamados para louvar o Senhor.

Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28

E mais: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios; cantem louvores a ele todos os povos” Romanos 15:11

E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; Apocalipse 5:9

 

DEPOIS DISSO TUDO

 

Certamente esses pressupostos são suficientes para orientar nossa música de culto. Mas o que pode sustentar uma modalidade artística que surge historicamente em outro contexto, diferente da eclesia, do templo, nasce nas ruas, pra saciar uma vontade de divertimento, de devaneios e de outros amores? Quais categorias cristãs estão disponíveis para pensarmos essa modalidade que toma agora a forma de entretenimento? Acredito, meu querido Yago, se ainda me lê, que precisamos urgentemente descobrir os pilares para o palco, enquanto retomamos a verdade a respeito do templo. Posso lhe dizer que essa tem sido uma aventura muito linda e que é muito bom tê-lo no caminho.

 

Marcos Almeida

 

VIDEO DO YAGO

Veja quem é Yago e o que ele disse para eu escrever um texto desse tamanho.

12 Comentários

  1. Rafael Ventura
    3 de junho de 2013

    Ótimo texto! Apenas uma correção quando você diz no texto acima:
    “Uma coisa sabemos: Jesus, aqui na terra, nunca cantou um hino cristão! ”

    Mateus 26:30 não nos diz isso…

    “Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras”

    Fica na paz!

    P.S.: Palavrantiga tocará em Natal/RN dia 22 desse mês mesmo?

    Reply
    • Marcos Almeida
      4 de junho de 2013

      Ei Rafael, é estranho pensar nisso, mas, os hinos cristãos surgem depois disso. Veja a história dos Evangelhos e tente descobrir quando finalmente os discipulos entenderam quem Cristo era. O livro de Atos começa com uma questão levantada pelos discípulos para o próprio Jesus ressuscitado: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?”. Parece que não haviam entendido sobre a pessoa de Jesus.Uma pergunta sobre política para Aquele que havia caminhado com eles três anos e que depois de crucificado estava alí ressurreto os chamando para outros valores.
      Esta menção ao cântico que você citou, Mateus 26:30, segundo os estudiosos, “é uma referência à liturgia de Páscoa (judaica). Jesus e seus discipulos cantara os Salmos 115-118, que era o encerramento tradicional da refeição de Páscoa” (Biblia de Estudo Genebra).

      Obrigado por comentar. O diálogo só nos faz bem! Abração!

      Reply
  2. Ao Marcos Almeida – sobre os muros, antes das bases | Yago Martins
    4 de junho de 2013

    […] Para esta leitura fazer sentido, primeiro veja este vídeo e depois esta resposta. […]

    Reply
  3. Yago Martins
    4 de junho de 2013

    Tomei a liberdade de respondê-lo. Grande abraço.

    http://yagomartins.com/2013/06/ao-marcos-almeida-sobre-os-muros-antes-das-bases/

    Reply
  4. Deborah
    4 de junho de 2013

    Que discussão maravilhosa! Quem dera todos pudessem falar assim.
    Yago com seu jeitão nordestino, lindo de ser, dando a cara a tapa, amando a Deus e militando pela sua verdade. Marcos Almeida, do mesmo lado (pois todos nós não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que creem e são salvos), com sua brandura, inteligência, amando a Deus não menos que Yago, dando uma nova roupagem para nossa música.
    Quem vai ganhar? Bem, não é um duelo pra vê quem ganha. Mas uma riqueza de opiniões que nos fará, no mínimo, refletir mais.

    Reply
    • Thiago
      30 de setembro de 2013

      É isso mesmo! Após seu comentário, não há mais o que dizer, apenas ler e aprender.
      Deus abençoe a todos.

      Reply
  5. George Padilha
    6 de junho de 2013

    Belo estudo, tão interessante e rico quanto escasso nos nossos dias. Parabéns pelo blog, o descobri hoje, e com certeza voltarei!
    Quanto à pergunta do Rafael Ventura, vocês tocarão em Natal/RN ou é só boato?

    Reply
  6. Douglas Alexandre "O Crentenerd"
    10 de junho de 2013

    Estou me deliciando com isso tudo, pois amo leitura e sou entusiasta da música, já estudei música por um tempo, e essa discussão sadia, extremamente sadia,(vocês podem ter certeza que tem nos edificado, pois o que aprendi aqui sobre a música, e o quanto estou sendo enriquecido teologicamente). Deus abençoe o Marcos Almeida, suas músicas, as ouço literalmente o dia inteiro, tive a oportunidade de te conhecer uma vez quando você veio em Goiânia e passou pela radio Vinha FM, e está muito bom isso tudo, não é um diálogo onde a gente percebe que está ocorrendo aquelas alfinetadas básicas, mas são dois homens de Deus, conversando sobre um assunto interessante, e que há uns dias atrás eu estava conversando com um amigo meu sobre o assunto no que envolve a música, e como aprendi aqui, o Yago, uma vez procurando uns videos no YouTube acabei encontrando e gostei bastante, nem imaginava que poderia ocorrer isso, muito bom… Deus abençoe a todos.

    Reply
  7. Max
    16 de junho de 2013

    Nossa, muito apetitosa essa discussão calorosa! Só nos resta ver (se houver/haverá?) a contra-resposta do Marcos ao novo post do Yago.

    Reply
  8. Cintia
    27 de junho de 2013

    Excelente…verdadeiramente, excelente…
    Não sei como agradecer a aula…
    Que O Eterno, O Altíssimo, aquele a quem tenho prazer em servir, abençõe vocês.
    Cíntia

    Reply
  9. Thalles Jordan
    2 de setembro de 2013

    Muito boa reflexão histórica, filosófica e bílica.. Um texto cheio de valiosas informações que nos ajudam a entender melhor o papel da música no culto cristão e na vivencia humana natural.
    Parabéns Marcos.

    Reply
  10. Breno Azevedo
    21 de setembro de 2013

    Não tem como comentar algo, sem antes parabenizar o Yago e o Marcos pela aula que nos deram – não só de música cristão e/ou congregacional, mas de respeito, nobreza e conhecimento. Parabéns!!

    Na minha humilde opinião, essa questão de música cristã, congregacional, “música para culto” etc. tem muito também com a cultura e a história da igreja local e, claro, com o nível de maturidade dessa igreja. Esse estudo precisa ser feito pelo pastor e pelos musicos que se disponibilizarem a serem ministros. Vejo os dois – tanto o do Yago quanto o do Marcos – bastante válidos; ambos se completam. Acho que o que ajudaria a entendermos melhor toda essa questão seria pensar que cada comunidade tem sua realidade e sua demanda. Talvez o que se aplica hoje em minha igreja levará anos para ser aplicada na de outro irmão. Lembrando que estou falando de formas e não de princípios, esses são inegociáveis.

    Um prazer poder aprender isso com vocês!! Paz

    Reply

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