07 de Janeiro / Gregório de Matos

Postado por: em jan 7, 2012 | Um comentário

                                                                                             Sete

 

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana, e vinha,

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um frequentado olheiro,

Que a vida do vizinho, e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,

Para a levar à Praça, e ao Terreiro.

 

Muitos Mulatos desavergonhados,

Trazidos pelos pés os homens nobres,

Posta nas palmas toda a picardia.

 

Estupendas usuras nos mercados,

Todos, os que não furtam, muito pobres,

E eis aqui a cidade da Bahia.

 

 

( Gregório de Matos, descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa)

 

O Poeta fora de Hábito!

 Um exemplo de como algumas paisagens demoram a mudar. Decassílabos do século XVII podem resistir ao tempo demonstrando que conselheiros sem testemunho, vigias, escravos, ladrões e fuxiqueiros atentos, acompanham a jornada de todos nós em todas as épocas. Uma única diferença entre a longínqua Bahia seiscentista e o mundo de hoje: Gregório de Matos sabia fazer o que a maioria dos blogueiros e twitteiros nunca aprendeu na vida: satirizar tocando lira. Valeu seu Gregório!

1 Comentário

  1. nossabrasilidade » Literatura Brasileira
    9 de maio de 2012

    […] – Gregório de Matos […]

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