19 de Janeiro / Gastronomia
Dezenove
Alguns não sabem disso, mas, tenho colocado o texto a seguir como uma placa sobre a minha mesa. Quero olhar para ele todos os dias na intenção de que ele faça parte da minha estrutura: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e precedendo a honra vai a humildade” (Provérbios 15:33). Encontrei essa preciosidade num livro da Bíblia que de fato não é só uma reunião de livros milenares; é uma escola de vida prática. Tão prática que tem hora que me assusto.
Veja o que encontrei agora. Descobri que Jacó abençoou Aser, um dos seus doze filhos, com uma benção epecial: da boa gastronomia!
“Aser será famoso por sua comida deliciosa,
doces e guloseimas próprios de reis” (Genesis 49.20)
Que beleza! Comida, bebida, doces, festa, banquete, vinho, alegria.. a Bíblia acontece na vida real e é para mim o roteiro da vida real.
Logo que li esse trecho, lembrei de uma poetisa maranhense não muito conhecida.
E daí imaginei a gente juntar poesia e gastronomia aqui na cozinha. Quem sabe mais do que isso: a cozinha pode se tornar um lugar de encontro entre poetas e a Maravilhosa Graça, essa que nos abençoa e nos reconcilia com Deus.
Fiquei animado com a ideia!
Voltando à poetisa lembrada no meio desses devaneios, ela apareceu recentemente numa antologia que está quebrando recordes de venda: “Os cem melhores poemas brasileiros do século”. Liguei banquete com cozinha e cozinha com Utensílios. Aí está:
Para extrair
do alumínio seu lúmen
usaria
o desusado, exaurido verbo “haurir”
Arearia
panelas
à beira de um rio, mergulhada
no alumínio luzidio
– “haurindo-o” –
polindo-lhe
a índole de água
e o ímpeto de prata
com grãos
de ouro de areia
arearia
“ourada”
submersa em seu domínio
(Utensílios – Lu Menezes)