Painel: a mente cristã brasileira e a grande mídia.

jun 19, 2012 | 42 Comments

Observando a pesquisa [“como você avalia a aproximação entre a rede Globo e os evangélicos?] vejo surgir outras dúvidas. Vejo o maniqueísta cuja visão de mundo está dividida entre bons e maus e tudo não passa de um jogo de sedução. Vejo os calvinistas acreditando que Deus está no controle e se utiliza das coisas más e boas para cumprir seu propósito. Mas a maioria absoluta das respostas tende para o materialismo, que desconsidera a força divina, ou essas entidades espirituais dividias entre boas e más; tudo não passaria, portanto, de dinheiro e poder.

Como disse uma leitora essa pesquisa dá um estudo sobre a mente cristã brasileira e a mídia do século XXI (Jakeline Nunes). Pelo menos sobre a mente daqueles que seguem o Palavrantiga e o meu perfil no twitter, sim!

A mídia seria um meio e um meio muito sujo, por isso, o Deus do Evangelho não se utilizaria dele para justificar seus fins. É o que consegui ler a partir do primeiro comentário de Wanderlan.O mesmo me corrigiu dizendo que suas “críticas se dirigiram, evidentemente, às ideias, valores e princípios hegemônicos de nosso mundo e evangelicalismo, não das coisas e pessoas em si”. Insisto que tudo aqui é uma leitura pessoal a respeito do que foi comentado. Ao meu ver,  a soberania divina aqui aparece como um item teológico apenas, quase como um assunto a ser tratado pelos artistas: “A tal música evangélica já não representa a soberania divina há muito tempo” (Marlos Ferreira).  Outro: “A soberania de Deus se mostra quando pessoas conhecem a verdade através da Globo, mas isto não significa que Deus “abriu uma porta na Globo”. Foram os homens, motivados por seus interesses mundanos, que levaram o “gospel” para lá. Não posso crer que Deus queira que a Globo ganhe dinheiro às custas do Reino!”  (Priscila). [Veja a réplica de todos nos comentários abaixo].

 

No meio de tantas opiniões que confirmam o materialismo como explicação válida para esse momento, surge um ou outro falando que na verdade Deus está se utilizando disso para implantar seu Reino: “ [existe] um reino apenas: Deus soberano movendo seu reino para dentro da mídia. Eu quero é que as trevas se explodam e vire luz, seja de que maneira for”! É o que pensa o Sérgio. Quem parece concordar com ele é o Lucivan Pinho:  “Não importa a intenção deles, devemos ver como uma grande oportunidade de levar o evangelho aos que não o conhece. Jesus se assentou com cobradores de impostos adúlteros e prostitutas!”. De qualquer forma a imagem que se tem da mídia é bem feia e se relaciona ao pecado, ao que é mal. Eis outro exemplo: “em minha concepção, mesmo que o objetivo inicial, pensado e arquitetado pela Globo seja puramente lucro, se o objetivo dos cantores e bandas forem a verdadeira adoração, Deus usará esse meio de comunicação para o engrandecimento de sua glória. Deus usa o que Ele quer. Ele usou a burra de Balaão, pode muito bem usar a TV…”  (Eva Caroline). Na visão desse grupo, a mídia seria a Mula de Balaão, a prostituta, o cobrador de impostos ou o adúltero? [minha opnião não trabalha com essas categorias, mas vale a pena continuar lendo esse artigo para entender como pensam alguns leitores]

 

 

O relativista aparece aqui com uma explicação  mais antropológica: “Acho que para além de ser uma questão econômica, é uma questão cultural. Os evangélicos estão crescendo em número, e isso trouxe para eles mais visibilidade e, consequentemente, mais abertura, com todas as implicações que isso traz, inclusive econômicas, mercadológicas ou mesmo missionárias. Dependendo do ponto que se olha, e para quem se olha, tudo pode ser explicado.” (Jenifer de Oliveira).

 

Na centena de opiniões surge a Cláudia com um ponto de vista interessante. De certa forma ela apresenta a coisa do nicho. Não existe um caldeirão onde todos se encontram e se misturam, mas a ideia de cotas, de grades. “É o mesmo que pegar uma caixa e jogar o povo evangélico todo dentro e fechar, impedindo qualquer envolvimento com a cultura e as pessoas “seculares”. Para mim, esse não é o caminho. Chamem de conquista de um espaço na mídia, eu chamo de mais uma ferramenta de distanciamento dos cristãos do resto do mundo – não, não acho isso certo.”

 

 

É justo tirar dessas opiniões um painel que apresenta melhor a teologia de cada um, a forma de enxergar o mundo e como é o seu Deus. Para alguns é a eterna luta entre o bem e o mal – e se o cara for pessimista vai dizer que o mal [rede Globo] está vencendo. A gente pode tomar emprestado o termo “calvinista” para designar o sujeito que enxerga a coisa como um movimento governado pelo Deus soberano; no final tudo coopera para que o Seu desejo seja estabelecido. Perto desses dois podemos ver chegar o relativista dizendo “tudo depende do ponto que se olha e pra quem se olha”, um outro ali também aparece bem apegado a síndrome do vira-lata que Nelson Rodrigues tanto falava (aquela coisa do brasileiro sentir vergonha de quem faz sucesso) , mas, o curioso é notar que grande parte dos crentes (que opinaram aqui) ao falar sobre assuntos econômicos e artísticos desconsideram qualquer atuação espiritual ou de governança divina – Deus estaria fora ou parado em algum lugar desaprovando ou concordando com as coisas que fazemos. Não vivemos num tempo carente de uma boa teologia (ou cosmovisão) que ajude a explicar melhor a vida?

 

 

Marcos Almeida

 

 

PESQUISA

jun 18, 2012 | 131 Comments

Como você avalia esse tempo onde a grande mídia, especificamente a rede Globo, se aproxima dos evangélicos? Na intenção de criar produtos mais simpáticos ao universo religioso, quais seriam as “segundas intenções” ou as razões para esse encontro? Comente logo abaixo.

Algumas opções:

1. Dois reinos: trevas e luz. Um está tentando seduzir o outro.

2. Um reino apenas: Deus soberano movendo seu reino para dentro da mídia.

3. Nem maniqueísmo, nem soberania divina, se trata apenas de comércio. O assunto é econômico.

 

Talvez você veja outras opções. Sendo essas ou outras, compartilhe sua opnião deixando um comentário.

 

 

Questionando os dogmas da religião chamada cultura.

Questionando os dogmas da religião chamada cultura.

jun 10, 2012 | 4 Comments

A comunidade brasileira vocacionada para o campo das artes e do entretenimento, envidada naquilo que chamamos de cultura, se de fato deseja influenciar o desenvolvimento desse campo, deve questionar 

Quando escolho palavras

maio 28, 2012 | 28 Comments

Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.
Provérbios 12:18

 

 

Minha lavoura é feita de palavras, verdadeiras sementes plantadas nos corações, esses os verdadeiros campos, latifúndios. Vou jogando as sementes nas terras abertas, de portões generosos. Vai crescer se antes morrer! Morre palavra. Brota semente!

 

Miudinha, coisa pequena, quase um farelo, mas não é que a terra abraçando farelo, deitando semente no meio do pó, fez bom proveito da morte, desdobrou, revirou, inventou uma planta, criou copa, erigiu sombra, se chamou oásis! E lá vem o menino com o seu balanço amarelo pendurando um par de cordas marrom,  subindo nos seus galhos, a mil gargalhadas, querendo voar. Vai voar, debaixo da sombra. Enquanto a tempestade não vem.

 

Sabe que vem…

 

Sabe que passa. Sabe que uma boa árvore tem raízes profundas e uma terra bem forte. Se esconde na casa. A casa da árvore. E o grande céu escuro, todo riscado de raios, lhe causa pavor; treme de medo.

 

Sabe que passa…

 

Quando escolho palavras, estou separando sementes. Eis a minha lavoura. Esta aí o meu trabalho. Chegando em campo bom, existe apena um desejo, este aqui:

 

–       morra palavra, brote semente, vire uma árvore, crie uma sombra e faça o menino voar, envergue, mas não quebre, resista, a tempestade passa.

 

 

E o que é que fica? Aquilo que é. Aquilo que não deixa de ser.

 

 

O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões.
Provérbios 10:12

Hoje, procurando a melhor palavra.

Hoje, desejando aquilo que não deixa de ser: o Amor.

Hoje, de volta.

Marcos Almeida

Você canta “O que” / Titãs 1986

maio 20, 2012 | 4 Comments

 

                                                 O que (1986)                     [Arnaldo Antunes]

Que não é o que não pode ser que
Não é o que não pode
Ser que não é
O que não pode ser que não
É o que não
Pode ser
Que não
É
O que não pode ser que
Não é o que não pode ser
Que não é o que
O que?
O que?
O que?
Que não é o que não pode ser que não é

 

Enviado por um amigo espirituoso e muito fã do rock nacional: “você canta Keith Green, eu canto ‘O que’ (Titãs) rsrs”