A Indústria Cultural é um Artefato.
A indústria cultural é um artefato construído pelo mercado, onde o artista e sua obra são subordinados a certas determinações da esfera econômica para, então, ver definido identidade e alcance do seu fazer artístico. Isso pode ser trágico! É por isso que o compositor, por exemplo, deve conhecer não apenas sobre como construir uma boa música, mas, também, sobre como o mercado se comporta. Distinguir música de mercado é muito importante na hora de falar sobre identidade artística – assunto já manjado – mas não pode ficar só nisso; deve-se saber alguma coisa sobre “nicho”, “público alvo”, “circuito cultural”, “comunicação”, “prateleiras”. Logo o artista informado vai perceber algo curioso: assim como o compositor determina se toca uma sétima maior naquele acorde ou não, o mercado tem o poder de alterar o artefato “indústria cultural” fazendo-lhe receber ou perder elementos que julga fundamentais para sua continuação.
Palavrantiga, Tanlan e Lorena Chaves nas prateleiras do rock nacional e mpb é fruto de uma alteração consciente e articulada por esses artistas que descobriram outro fundamento para determinar identidade. Quando torna-se inadiável a constatação de que devemos classificar música musicalmente e que a confissão religiosa do autor não é fator estético válido para designarmos um estilo, consequentemente aparece um novo desafio: o que fazer com as classificações adotadas pela indústria fonográfica até o momento? Outra questão: como fica o repertório do samba e da mpb que depois dos anos 1960 adotou o panteão afro-religioso como discurso escrachado e nos fez acreditar que isso é “cultura brasileira”? Construções, desconstruções… Um pensamento que nos leva a agir dentro da indústria cultural com ferramentas de diálogo antes desconhecidas.
Com todo respeito aos donos de gravadora, contratantes, presidentes de emissora de TV, rádios, revistas, jornais, blogs e qualquer outro tipo de veículo de comunicação, vocês precisam chamar os artistas para um cafezinho. Certamente, vocês vão se surpreender com a capacidade do papo transpor as fronteiras estéticas e chegar no campo antes dominado por executivos. Esse diálogo tornará nossa indústria cultural ainda mais rica em todos os sentidos.
Marcos Almeida
3 Comentários
Marcelinha
6 de junho de 2013Ihh
tu ainda nao viu nada.
Quando mahmundi chegar,vai ser o maior barato da louvaçao!
Igor Bezerra
4 de julho de 2013Eu ainda vou ler seus escritos sobre o monte da arte.
Seus textos e versos são inspiração.
Keep walking!
🙂
Lidiane Gregory
13 de setembro de 2013Devo admitir que o teu blog foi meu melhor achado de hoje nessa enorme rede onde o que se pesca nem sempre é peixe.
Siga em frente que estarei logo aqui atrás lendo tudo 😉