Eles começaram a inventar
O que será que pode acontecer quando alunos da USP, IFRN e UnB começam a pensar numa Música Brasileira de Raiz Cristã ?
Recebi um e-mail muito curioso. Um jovem estudante da USP compartilhava sua vontade de escrever um artigo, onde aplicaria as teorias de comunicação ao analisar a indústria cultural brasileira. Pediu algumas sugestões de temas, o que fiz de imediato. Disse a ele, por que você não escreve sobre essa falácia da indústria cultural brasileira, resumida nesses três pontos:
a) música gospel é todo e qualquer gênero musical de confissão evangélica
b) música religiosa é todo e qualquer gênero musical de confissão católica
c) toda e qualquer confissão religiosa não cristã é “cultura brasileira”.
Bem, o mais curioso ainda é que o rapaz aceitou o desafio e escreveu o tal artigo. A Escola de Comunicação e Artes da USP deve estar lendo agora a tese que foi apresentada pela primeira vez aqui no Blog e que agora começa a fazer sentido para acadêmicos pelo Brasil a fora. A ideia é simples e foi resumida assim pelo rapaz:
“Este artigo proposto na disciplina Teoria da Comunicação se dedica a explanar o mercado musical brasileiro, considerando seu repertório como meio de comunicação que promove integração e desenvolvimento, mas destaca a logomaquia no dualismo gospel/secular que revela as contradições produzidas pela indústria cultural e propõe uma solução na adequação morfológica de gospel para música brasileira de raiz cristã. Para tanto, apresenta breve histórico a respeito da arte e religião, fazendo referência às correntes filosóficas de cada época, expõe a atual situação do mercado musical brasileiro apontando sobre que estruturas e interesses este é condicionado e aponta um pós-movimento-gospel.”
[Victor Gomes Barcellos – A logomaquia do mercado secular/gospel na Música Brasileira, Dezembro de 2013]
Victor na USP, Marina na UnB, Alyne no IFRN (ainda falo delas) e tantos outros espalhados pelo Brasil, começam a produzir conhecimento e levar a sério a nossa tese de que nesse tanto de brasis misturados na amálgama brasileira, existe o Brasil dos que produzem arte, música, cultura, entretenimento, etc…, a partir de uma visão de mundo cristã. Certamente essa produção não cabe no que se convencionou chamar, por diversos interesses extra-artísticos, de mercado religioso.
Recebo essas notícias no mês em que um artigo meu foi parar na coletânea “Formação Sociocultural e Ética” do CESUMAR (Centro Universitário de Maringá). Bons motivos para comemorar! E estamos apenas com dois anos de Blog.
Bons ventos!
Deus nos guie.
Abraço demorado e especial para os leitores que não só curtem a página, mas já partiram para a invenção!
Marcos Almeida
16 Comentários
Sérgio Pereira
12 de dezembro de 2013Marcos, em 2010 escrevi um texto sobre esse assunto. Houve tanta repercussão (hoje com mais de 20.000 acessos) que até o Leoni (compositor) se posicionou. O assunto rende discussões e mais discussões… Dê uma conferida em – http://www.cristianismocriativo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=509
abs!
Marcos Almeida
12 de dezembro de 2013Sérgio, o Fulano, afinal de contas conseguiu responder a principal questão: “seu critério de escolha para colocação de CDs no blog é ‘religioso’ ou ‘musical’?”
Sérgio Pereira
12 de dezembro de 2013Não. Me colocou no FrostFree ad Eternum…rs…
Marcos Almeida
12 de dezembro de 2013Acho que essa é a questão central e uma das “soluções” que encontramos é: favor classificar música musicalmente. Temos visto que quando a música é boa, os preconceitos tendem a fraquejar. Sua carta é um documento!
daniel oliveira
12 de dezembro de 2013massa pra caramba marcos….
Gabriel Tarrão
12 de dezembro de 2013Glória a Deus pelo sucesso do Nossa Brasilidade. Penso como vocês, mas ainda caminho em busca de ajustes para dar início à dissertação.
TAIZA
12 de dezembro de 2013Glória a Deus pela iniciativa desse jovem. Creio que um dia o nosso brasil entenderá que arte é arte independentemente sob qual visão de mundo ela foi criada.
Marina da UnB
12 de dezembro de 2013Quem tiver interesse sobre a minha monografia, em que falei do Palavrantiga e dessa nossa arte brasileira. E só entrar e baixar o trabalho aqui: http://bdm.bce.unb.br/handle/10483/5743
MICHAEL ANSELMO
2 de janeiro de 2014Marina, teria como você me passar seu e-mail! Quero tirar algumas dúvidas sobre seu estudo sobre o rock cristão!
Qualquer coisa me manda um que eu respondo! (michaeldesousa91@gmail.com)
Atenciosamente,
Michael Anselmo
Alvaro Vieira
12 de dezembro de 2013Muito boa essa explanação!! Eu diria mais, há de se fazer um breve relato sobre a questão mercadológica da coisa, fatos determinante para diferenciação entre o “cristão” e o dito “gospel”.
Thiago Arthur
12 de dezembro de 2013Meu cara, que ótimo isso. Feliz demais em ver todos esses frutos nesses anos de blog e banda.
Lembro que na minha adolescência eu sempre pensava já nessas coisas da música e sempre sonhei em ter uma banda, mas esse negócio de gospel/secular sempre me intrigava de alguma maneira e eu sempre
quis algo natural, algo que dialogasse com a vida, com o mundo, com o ser humano e claro, com o nosso Deus. Mas devido ao meu problema visual demorei para ter acesso a livros e coisas que viessem me
ajudar, na minha adolescência praticamente só tinha livros em Braille e eu nunca gostei muito do Braille para ler, mas graças a Deus hoje tenho acesso a livros digitais e aos blogs que estão abrindo
muita porta boa e tenho encontrado muita gente como você que me alegra o coração em ver tanta ideia boa e até semelhante, e gente muito mais capacitada e humilde que eu para estar mostrando toda essa
ideia e estar dialogando com a vida através da arte.
Espero um dia num café desses bem brasileiros, trocarmos várias ideias. Sou baterista e graças ao bom Deus e a inspiração do Palavrantiga e do seu blog, comecei a compor música de um tempo
pra cá e tenho muita coisa em mente pra conversar com gente boa como você e o pessoal do blog aqui!
Que continuemos “amando a esperança que salta os muros”!
Rafael
12 de dezembro de 2013Marcos, tem como disponibilizar os artigos para nós?
Marcos Almeida
12 de dezembro de 2013“Quem tiver interesse sobre a minha monografia, em que falei do Palavrantiga e dessa nossa arte brasileira. E só entrar e baixar o trabalho aqui: http://bdm.bce.unb.br/handle/10483/5743 ” (Marina)
Elder Reis
12 de dezembro de 2013Marcos, tem como vc disponibilizar os artigos de Victor da USP e Alyne do IFRN? E o seu (que vc comenta no texto)? Obrigado.
jeff arantes
16 de dezembro de 2013Nós, os catequizadores.
A religião sendo um dos pilares da formação sociocultural brasileira influência naturalmente a produção cultural com seus elementos e visões de mundo, no nosso caso a visão cristã é predominante. Mais queria aqui só rapidamente expor um ponto de vista não comentado por aqui, e que pauta a réplica de quem não coloca a música cristã (evangélica ou católica)no hall da produção cultural brasileira. O problema é histórico sem dúvida e vem da retórica quase sempre “catequizadora” de nós cristão. Apesar de sonharmos com isso, nos ambientes cotidianos, como: bar, ponto de onibus, escola, enfim nos lugares de relação, onde a cultura vagarosamente é montada e desmontada, somos os que pesam o clima com nossa cartilha intolerante do vc vai pro inferno, vc está errado, etc etc. Somos historicamente os chatos catequizadores, e de fato o somos. O restante daqueles que integram nossa cultura tem historicamente um legado de mais maleabilidade, de maior integração com o ser cotidiano, com as mazelas humanas, são mais leves em seu papo. Sabe o cara chato e o cara bacana… então, infelizmente somos os chatos. POr sermos os chatos coloram o papelzinho em nossas costas escrito: Religioso por isso agora enxergam toda nossa produção religiosa, ja o cara bacana entra pelo boteco senta na mesa, faz um pagode, conta piada assim ele vai surfando na onda lenta e não impositiva da formação cultural . É obvio que de fato somos produtores de cultura e cultura brasileira com viés cristão, mais infelizmente somos vistos bem mais como impositores de uma cultura estranha do que parte da cultura comum.
Sorrisos e Desculpas
Jeff Arantes
Danny Reis
28 de março de 2014O engraçado é que por pura curiosidade visitei o blog supracitado e percebi que não relutaram em exaltar Afro-Sambas de Baden Powell.Contradição!