Eu e as flores (Nelson e Jair Cavaquinho)

Postado por: em set 25, 2014 | 5 comentários

Apresentamos aqui muito mais que canções populares. Nós estamos construindo um novo olhar sobre elas. Não é tanto o que olhar, mas como olhar. Insisti diversas vezes que na cultura pop, de qualquer povo, existe aquilo que chamamos de porosidade religiosa; quando expressões de espiritualidade transpiram nas confissões dos nossos artistas.

Certamente, podemos olhar uma mesma obra a partir de diversas entradas; nesta que ouviremos agora, temos pelo menos 3 aspectos muito interessantes: a chegada da Primavera com as flores, a impermanência da vida humana e o vértice poético no final, verticalizando a canção, transformando o samba em um hino ao Criador.

Com vocês, de uma pareceria com Jair do Cavaquinho, “Eu e as Flores” por ele; amigo de longa data, Nelson do Cavaquinho.

 

 

Eu e as Flores

(Nelson e Jair Cavaquinho)

Quando eu passo
Perto das flores
Quase elas dizem assim:
Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim.
A nossa vida é tão curta
Estamos nesse mundo de passagem
Ó meu grande Deus, nosso Criador
A minha vida pertence ao Senhor.

Sambas-enredo 2012: Umbanda Music ?

Postado por: em fev 20, 2012 | 3 comentários

Quarenta e seis

Qual o enredo de Vila Isabel em 2012? Uma amostra de umbanda music? Angola,tambores, terreiros, tia Ciata, ‘a negra vocação’, ‘a pura raiz do samba’ , ‘incorpora kizomba’, ‘solo feiticeiro’, ‘escravidão’, ‘a fé’, ‘os rituais’… A herança verdadeira?  A identidade do negro brasileiro?  Leia abaixo o texto completo do samba. Mas antes uma definição:

“O samba-enredo, também chamado de samba de enredo, é um sub-gênero do samba moderno, surgido no Rio de Janeiro na década de 1930, feito especificamente para o desfile de uma escola de samba. Anualmente, as escolas de samba costumam promover concursos internos, onde várias músicas são apresentadas ao público em suas quadras, onde ao final, normalmente entre os meses de setembro e outubro, uma delas é escolhida como samba-enredo oficial para o Carnaval do ano seguinte. Algumas vezes, opta-se por fundir dois ou mais sambas-enredo que sejam do agrado dos membros da escola.[1] O samba campeão embala a escola durante a fase de preparação, ensaios técnicos até ser apresentado no desfile de carnaval. Para que um samba seja considerado samba-enredo, o mesmo deve retratar o enredo escolhido pela comissão de carnaval da escola (não confundir enredo com tema).”

[WikiPedia]

“Você Semba Lá… Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola”

[Vila Isabel 2012]

Compositores: Arlindo Cruz, André Diniz, Evandro Bocão, Leonel e Artur das Ferragens

Intérprete: Tinga

 

Semba de lá, que eu sambo de cá
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive

Vibra óh minha vila
A sua alma tem negra vocação
Somos a pura raiz do samba
Bate meu peito à sua pulsação
Incorpora outra vez kizomba e segue na missão
Tambor africano ecoando, solo feiticeiro
Na cor da pele, o negro
Fogo aos olhos que invadem,
Pra quem é de lá
Forja o orgulho, chama pra lutar

Reina ginga ê matamba vem ver a lua de luanda nos guiar
Reina ginga ê matamba negra de zambi, sua terra é seu altar

Somos cultura que embarca
Navio negreiro, correntes da escravidão
Temos o sangue de angola
Correndo na veia, luta e libertação
A saga de ancestrais
Que por aqui perpetuou
A fé, os rituais, um elo de amor
Pelos terreiros (dança, jongo, capoeira)
Nasci o samba (ao sabor de um chorinho)
Tia ciata embalou
Com braços de violões e cavaquinhos a tocar
Nesse cortejo (a herança verdadeira)
A nossa vila (agradece com carinho)
Viva o povo de angola e o negro rei martinho

Semba de lá, que eu sambo de cá,
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive