Quando escolho palavras

Postado por: em maio 28, 2012 | 28 comentários

Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.
Provérbios 12:18

 

 

Minha lavoura é feita de palavras, verdadeiras sementes plantadas nos corações, esses os verdadeiros campos, latifúndios. Vou jogando as sementes nas terras abertas, de portões generosos. Vai crescer se antes morrer! Morre palavra. Brota semente!

 

Miudinha, coisa pequena, quase um farelo, mas não é que a terra abraçando farelo, deitando semente no meio do pó, fez bom proveito da morte, desdobrou, revirou, inventou uma planta, criou copa, erigiu sombra, se chamou oásis! E lá vem o menino com o seu balanço amarelo pendurando um par de cordas marrom,  subindo nos seus galhos, a mil gargalhadas, querendo voar. Vai voar, debaixo da sombra. Enquanto a tempestade não vem.

 

Sabe que vem…

 

Sabe que passa. Sabe que uma boa árvore tem raízes profundas e uma terra bem forte. Se esconde na casa. A casa da árvore. E o grande céu escuro, todo riscado de raios, lhe causa pavor; treme de medo.

 

Sabe que passa…

 

Quando escolho palavras, estou separando sementes. Eis a minha lavoura. Esta aí o meu trabalho. Chegando em campo bom, existe apena um desejo, este aqui:

 

–       morra palavra, brote semente, vire uma árvore, crie uma sombra e faça o menino voar, envergue, mas não quebre, resista, a tempestade passa.

 

 

E o que é que fica? Aquilo que é. Aquilo que não deixa de ser.

 

 

O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões.
Provérbios 10:12

Hoje, procurando a melhor palavra.

Hoje, desejando aquilo que não deixa de ser: o Amor.

Hoje, de volta.

Marcos Almeida