A Entrevista para a Billboard – Edição 37 – na íntegra.

Postado por: em jan 6, 2013 | 104 Comentários

 

A edição 37 da Billboard Brasil traz na capa o músico pop americano Bruno Mars, e lá nas páginas 54 e 55 o jornalista Filipe Albuquerque anuncia: “para além de rótulos e segmentos, artistas evangélicos buscam circular livremente no pop brasileiro”. Tanlan e Palavrantiga aparecem como personagens principais de um movimento não organizado, mas que toma força através de iniciativas diversas desenvolvidas por artistas que estão afim de transpor aquela velha oposição gospel/secular.

Billboard Brasil – Ed. 37

Sem entrar nos méritos da identidade de cada banda e mais uma vez reconhecendo a falta de linha e linguagem definida para todos, deixo com vocês o que tenho pensado sobre o assunto. Segue a entrevista que o Filipe Albuquerque nos enviou e que respondi no dia 14 de Novembro de 2012. Ela foi base para o jornalista criar a matéria. Ainda volto em outro texto para falar da visão já alinhada com a Som Livre, tão bem colocada pelo presidente da companhia – o querido Marcelo Soares. Mas por enquanto leiam na íntegra a entrevista concedida ao Filipe.  Fiquem a vontade para compartilhar e comentar. Feliz 2013!!!

 

1.Vocês, juntos com a Tanlan, o Aeroilis, o Adorelle e alguns outros nomes, sinalizam uma outra direção pra música cristã feita no Brasil, pra algo que já acontece nos EUA, onde esse modelo de mercado foi criado, e onde algumas bandas conseguem transitar entre os dois universos sem necessariamente estabelecer muros e divisões, como fez o Catedral no início dos anos 2000 ao adotar o discurso de deixar um mercado para ir ao outro. Entendem que esse pode ser o modelo que de fato permita essa transição de maneira natural e espontânea: É esse o objetivo de vcs?

Olá, tudo bem? Antes de mais nada, muito obrigado pela gentileza da entrevista e por nos dar a oportunidade de compartilhar a visão da banda a respeito dos temas.

 

É importante, neste nosso primeiro encontro, começar dizendo que as categorias que utilizamos como fonte para a nossa identidade não são as mesmas que o mercado estabelece para definir suas prateleiras. Portanto, não faz sentido para nós descrever personalidade artística usando termos do mercado fonográfico tradicional. O que acontece é que quando temos a oportunidade de desenvolver a nossa personalidade em volta de algo mais amplo, a nossa experiência cotidiana se torna mais rica, mais cheia de temas, mais colorida. Então, a facilidade que o nosso som tem de transitar nesses circuitos deve-se ao conteúdo humano, estético, espiritual  e poético do nosso fazer artístico – ou seja, aspectos reais anteriores ao mercado. Entende?

 

Sobre o Catedral, não compartilhamos de suas intenções – no fundo desconhecidas para todos nós. Aliás, no inicio da caminhada cheguei a enviar um longo e-mail para o Kim, perguntando sobre alguns assuntos que até hoje beiram a lenda urbana, especificamente sobre essa migração da banda para o secular. Não tive resposta. Mas, de qualquer forma, conseguimos ver que  utilizar o pensamento de que  “é preciso deixar o religioso para ir ao secular”- ou como você colocou, “deixar um mercado para ir ao outro”, é reforçar certo maniqueísmo próximo aos formatos partidários de esquerda e direita. Quem toma partido fica partido!  Inda mais se pensarmos que a experiência do Evangelho nos permite enxergar o mundo sobre um único chão de dádiva e beleza – um chão comum sobre o qual constroem-se partidos, cercas e muros, mas onde também podemos trilhar um caminho de liberdade. Pois bem, as escolhas musicais, acredito, devem ser feitas na direção daquilo que nos torna inteiros e plenos, sem posições partidárias ou esquizofrênicas.

 

Roberto Da Matta – O que faz o brasil, Brasil?

Aí, você já deve estar querendo saber; mas como vocês se identificam? Gostamos de nos alinhar ao pensamento clássico de cultura brasileira; tradição construída por intelectuais como Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Sergio Buarque de Holanda, Roberto DaMatta e Darcy Ribeiro, que são unanimes em dizer que não existe um Brasil, mas brasis. Não existe uma brasilidade homogênea, mas muitas brasilidades. Ou seja, representamos a brasilidade dos que creem, onde a vivência pessoal e comunitária da fé se torna uma forte matriz  que sempre esteve imbuída e misturada nessa amálgama chamada cultura brasileira (uma busca no cancioneiro popular comprova isso). A novidade está aí: não fazemos da nossa mensagem um fator de distinção estilística, utilizamos parâmetros musicais para fazer distinções musicais. É por isso que nos sentimos mais a vontade com o termo “rock nacional”.

 

Qualquer modelo que fuja dessa proposta não-dicotômica é limitadora.   Quanto aos amigos da Tanlan, acredito que se alinham com aquilo que pensamos. Não só eles, mas podemos citar também a Lorena Chaves e a banda Crombie.                                                                                                                                                                                                                                                                             
2. Apesar de circularem bem nos dois ambientes, estão bem ligados ao universo cristão, ainda bem engessado em alguns aspectos, que só entendeu o que é distribuição digital no ano passado. Como é ser uma banda cheia de referência estéticas pop, com a cabeça pensando além dos muros da igreja, mas ter de lidar com algumas contradições do segmento cristão?                                                                

 

A maior contradição a ser vencida pelos líderes cristãos fica evidente quando vamos definir os limites e as possibilidades neste processo de aproximação do Templo com a Rua. Como a Igreja deve se relacionar com a cultura? Ninguém sabe muito bem. A força de um mercado religioso interno impõe respeito – embora ainda engessado, como você colocou, ele é muito rentável. Mas será que exportar as vivências do templo para a rua é o melhor caminho? Tenho receio de que tudo isso se torne banal, artificial e sem o mistério precioso que envolve a experiência comunitária. O que fazemos é buscar respeitar a soberania dessas duas esferas e o modo de ser de cada uma delas.  Não transformar o palco num púlpito, nem fazer do púlpito um palco. Essa é a regra.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

3. Vocês fizeram o caminho natural – começaram independentes e assinaram com uma major. O que a independência ensinou a vocês: Qual o nível de liberdade dado pela gravadora à banda? Em algum momento houve algum tipo de restrição?                                                                                                                                      

1972 Novos Baianos / Som Livre – um clássico!

Aprendemos no independente a trabalhar em família. As esposas, os amigos e parentes foram e ainda são os maiores interessados na divulgação do nosso trabalho. A aproximação com o público mais alternativo – a maioria bastante contrária a ideia de gravadora – nos foi muito útil para fortalecer os princípios de liberdade artística. E quando reconhecemos  que não estávamos dando conta de atender toda a demanda, tivemos que nos abrir para as parcerias. A Som Livre faz parte da história da música brasileira. Saber que nomes como Tim Maia, Novos Baianos, Gal Costa, Djavan e tantos outros artistas que admiramos fizeram boa parte de seus trabalhos em parceria com a companhia e que agora temos a oportunidade de ouvir dessa experiência, é muito legal. O contrato com a Som Livre chegou em hora oportuna. Além de suprir essas necessidades de distribuição num pais continental igual o nosso, a Som Livre nos deu a oportunidade de falar o que a gente pensa e trilhar esse caminho diferente que estamos propondo. Ela se mantém viva ao respeitar e representar a diversidade cultural do nosso povo.

                              
4. Como vocês avaliam a entrada de companhias como a Sony e a Som Livre no segmento gospel? Entendem como algo natural, saudável pro segmento? Não há uma sensação, ainda que pequena, de que, pelo visível crescimento da população evangélica no país, as majors passaram a olhar para esse público?
                                                                                          

Se uma grande companhia fonográfica tem a missão de exibir a realidade cultural de um povo, obviamente ela deve se adequar às mudanças naturais que qualquer cultura sofre no passar do tempo. Olhar para o público evangélico é ser coerente com a sua função.

Quanto ao modo de fazer as coisas, o jeito de operar essa inserção no mercado religioso, acredito que todos estão a descobrir os limites e possibilidades. Tocar em símbolos da fé é sempre perigoso. Justificar seus produtos com argumentos eclesiásticos e ideológicos certamente encontra tensões quando se tira vantagens comerciais sobre eles. Então, torço para que tão logo esses dilemas sejam solucionados. Aqui, estamos abrindo uma trilha que nos parece virar um novo caminho, onde os novos artistas cristãos ao fazer musica de rua se apropriam das regras da rua e jogam com ela, sem achatar a experiência da fé ou subjugar a cultura pop com argumentos proselitistas.                                                                                                                                                                            

5. O público evangélico, normalmente reticente quanto a novidades e experimentações – ainda que com apelo pop – tem recebido bem o som de vcs? E quanto ao público não cristão?                                                                                                                                    

Somos uma banda bem jovem, apesar do nome, rsrs. Juntamos os devaneios e as guitarras elétricas em 2008. E nessa vontade de aprender e reconhecer a vida do jeito que ela é, fomos presenteados com muito carinho vindo de toda parte. Lembro da primeira vez que tocamos juntos em Belo Horizonte. No final, um amigo chegou perto e disse: “Marquim, essa música que você fez dá pra tocar no culto e no boteco aqui em baixo!” hahaha. Rimos até! Mas, ele acabou sendo um tipo de profeta, vamos dizer assim, porque sem querer, sem planejar, sem pretensão alguma, as composições foram indo e assumindo lugar na trilha sonora de rádios religiosas e não religiosas, nos cultos e nos barzinhos.                                                                                                                                                                                   

6. Falem um pouco sobre o que vocês têm ouvido ultimamente e o que serve de referência pra vocês na hora de compor, gravar…
                                                                                          

Cada um tem suas referências; desde a guitarra do The Edge na forma de tocar do Josias, passando pelo groove do reggae nas linhas do Felipe, à simplicidade pop da bateria de Lucas, até as harmonias mais brasileiras das minhas composições. No disco “Sobre o mesmo chão” que acabamos de lançar, você vai perceber essa química. Vai encontrar Jorge Ben Jon, U2, Sigur Rós, Nelson Cavaquinho, Morais Moreira, Bon Iver e até Beethoveen, mas principalmente como as nossas limitações processaram essas informações musicais. A música que expressamos na Igreja também é outra influência ímpar nesse dna musical. Quando entramos em studio não ouvimos nada. Fazemos alguma audição de referência na pré-produção, para ir construindo os timbres, mas tentamos deixar a equipe técnica captar aquilo que surge ali na hora, quando estamos apenas tocando e interpretando as canções.                                                                                                                                                                                       
7. Vejo em vocês uma preocupação com timbres, com produção, com estetica, com conexão com o que acontece atualmente no rock hoje. Isso de fato parece uma marca dessas bandas que eu citei anteriormente, além do desejo (me parece) de evitar chavões evangélicos e uma postura estereotipada. Vocês acreditam que isso é o que diferencia vocês de duas gerações atrás, de nomes como Rebanhão, Katsbarnea, Resgate, Oficina G3, que ficaram presas demais a elementos religiosos e não conseguiram romper o muro entre o segmento cristão e o não cristão? Voces ouvem essas bandas? Elas servem de referencia pra voces?
                                                                                         

Acredito que estamos cantando em português brasileiro aquilo que se cantava apenas em evangeliquês tupiniquim. Estamos mostrando que é possível essa tradução. Dizer que realidades especificas na vida daquele que experimenta a Boa Nova só podem ser expostas em linguajar evangélico não é verdade. A língua que usamos é a língua da rua, da literatura e da poesia – que em muito se aproxima da linguagem religiosa pois também trata do mistério, do invisível e da alma.                                              

Palavrantiga na casa de shows Music Hall/BH

As bandas que você citou fizeram parte da nossa vivencia e encontrar recentemente o Resgate e Oficina G3 nos palcos foi sensacional. Admiramos a integridade com a visão que anunciam desde a década de 80 e de fato, o que fazemos hoje só é possível porque eles criaram uma plataforma anterior. Eles são o melhor exemplo de uma aspecto vivo dessa matriz cristã que enriquece a nossa cultura. Nesse sentido estamos muito mais próximos deles do que dos Titãs ou Engenheiros, por exemplo. O que nos diferencia é o conjunto de responsabilidades que uma nova banda deve assumir quando se reconhece que em muitos aspectos a guerra deles já foi ganha. Os desafios hoje são outros, não é mais lutar para tocar rock na igreja, ou fazer uma programação contemporânea e descolada para a juventude. Eles nos empurram pra trabalhar forte no sentido de descomplicar nosso lugar no mundo – ali no meio da rua. Sem partido, sem grife religiosa, fazendo o que um artista deve fazer.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

8. Nos últimos 8, 10 anos, houve uma explosão de cantores, cantoras e ‘adoração profética’ no universo cristão no país, o que acabou criando um gesso e cansando até mesmo boa parte dos cristãos. Acham que já estava na hora de um respiro? Esse respiro representado pela geração de vocês pode fazer com que um público resistente ao que se apresentou a ele como música cristã possa se interessar por ela?                                                                                                                                                                                                                        

O movimento de “adoração” representado por David, Cirilo, Heloísa Rosa (aliás, fomos banda de apoio dela durante 4 anos) , teve grande importância no sentido de retirar um outro gesso que prendia o canto comunitário. Eles trouxeram uma liberdade carismática muito aguardada principalmente pelos jovens. Uma força espiritual singular brotou desse movimento, e quem experimentou dela de forma saudável, ainda hoje, reconhece suas marcas positivas. O lance aqui é o mesmo que apontei acima, exportar a experiência do Templo (ou das reuniões cristãs ) para a Rua  gera muitas tensões.  Justificar tudo isso com argumentos evangelísticos, mas sem o trabalho de tradução, soa como uma língua estranha, às vezes como um discurso cheio de segundas intenções. Além disso, o fato da música estar subjugada por outros interesses a torna desinteressante para muitos ouvidos. Me parece que a música de adoração fora do ambiente de adoração não faz muito sentido, ela é uma música-experiência. Daí, é muito difícil aprecia-la isoladamente como obra de arte.
                                                                                          

Tivemos a graça de fazer um som que reflete essa força espiritual e que tem certo interesse estético. Determinado ouvinte pode se apegar mais a sonoridade em si e outro se empolgar com a mensagem. Mas ainda não sabemos como isso acontece. O fato é que nem todos vão se abrir para o aspecto transcendente da nossa arte e nem por isso a sua experiência deve ser desmerecida pois ela também é válida. Acredito que nossa geração tem a oportunidade de fazer musica brasileira que comunique a vida que a gente vive sem se preocupar em escolher ouvintes. O nosso cenário hoje é muito promissor e devemos aproveitar essa jornada para reforçar a liberdade de ser e criar. Assim seja!

 

Marcos Almeida

 

 

 

104 Comentários

  1. Felipe
    6 de janeiro de 2013

    Vocês são demais, a linha de pensamento de vocês é muito boa, acredito que vocês encabeçam algo novo, muito bom e proveitoso que está acontecendo no Brasil. Além do som ser excelente, os ideais e ideias são demais…

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  2. Thairislaine
    6 de janeiro de 2013

    Parabéns. Não apenas pela entrevista, mas pela visão tão ampla, que resulta em um trabalho tão bonito de se apreciar. Que a poesia continue a florescer. Que continuemos “bem dentro do mundo, sobre o mesmo chão”!

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  3. Lucãs
    6 de janeiro de 2013

    Muito legal sua entrevista, acho interessante como consegue tomar posição e manter respeito com as diferenças, o que pra alguns seria impossivel. Deus nos abençoe com musica cristã de todos os tipos de qualidade. E nos livre do mal, amém.

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    • Vanderlei
      6 de janeiro de 2013

      Ótima colocação. Concordo em gênero, número e grau.

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  4. Carlos
    6 de janeiro de 2013

    Marcos você está de parabéns gostei demais da sua visão sobre os assuntos, principalmente sobre o “Movimento Adoração”, adoro a adoração e também adoro as músicas poéticas. Continuem sempre assim.

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  5. André Hosken
    6 de janeiro de 2013

    Que o Palavrantiga continue assim fazendo a diferença nesse mundão…

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  6. Patrícia Isabel
    6 de janeiro de 2013

    Precisamos de novidades, reformas,sobretudo o linguajar da humildade, para que possamos descontruir todos os nossos conceitos baseados no preconceito,no conservadorismo e endogenismo.

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  7. Paulo Ribeiro
    6 de janeiro de 2013

    Excelente entrevista, respostas muito bem fundamentadas e posicionamentos muito relevante para o nosso pensamento religioso e cultural. Parabéns, o Palavrantiga tem sido porta voz de Deus em nossos dias para levar as pessoas a viverem um vida integral e verdadeira mensagem do Reino de Deus.

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  8. Claudia
    6 de janeiro de 2013

    Linda entrevista, parabéns! Acredito que tudo fica mais claro quando se diz “fazer arte sem pretensão” ou sem segundas-intenções. Não adianta uma roupagem “secular” quando o objetivo é evangelizar. Acho isso uma ofensa a ambos os lados. Você falou muito bem sobre essa questão dos lados e sobre a adoração fora de lugar. Só acho que é preciso ter cuidado com esse esforço de se desvencilhar desse rótulo. Ele existe? Sim. Incomoda? É claro. Enquanto as pessoas continuarem perguntando “Eles são gospel?” vai continuar incomodando. Mas a gente sabe que é chato viver com resmungões que acham que nada tá certo nessa vida (por favor, não estou falando de vocês, vocês são legais). A questão é que quando se mostra esse incômodo, passa-se uma imagem não muito amigável, de certa forma arrogante onde “ah só faço shows em determinados lugares e em determinados contextos”(por favor, não estou falando de vocês, vocês são legais [2]). Eu entendo (ou acho que entendo) a linha de vocês e não preciso de muita explicação ou argumento para ser convencida porque tenho adotado essa linha já fazem uns anos (por meio de bandas internacionais). Então, claro, isso foi o que me moveu a apreciar o trabalho do Palavrantiga, que pode não ter sido pioneiro no Brasil, mas é diferente do que as bandas citadas fizeram (para ser sincera, acho que elas prepararam um terreno sim, mas erraram em muita coisa e diferem em muitos pontos da proposta do Palavrantiga, então eu considero vocês pioneiros, mas é minha opinião :)). Então, tem que se levar em consideração que esse é um longo caminho e que as mentes estão se abrindo aos poucos, na medida em que se lê mais, discute mais e vê mais bandas e artistas seguindo esse caminho. Ainda não chegamos lá, mas já demos o primeiro passo. Muita calma nessa hora. (muitos parênteses também, eu sei :)).

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  9. Alberto
    6 de janeiro de 2013

    Marcos, parabéns pelas respostas, feliz por ver a liberdade livre

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  10. Cássio Campelo
    6 de janeiro de 2013

    Uma aula de filosofia essa sua entrevista.
    Com detalhes enriquecedores sobre a história da música gospel.
    E pensar que eu vivi esse momento de repressão do rock na igreja,e hoje ele é visto como algo natural e importante para a igreja.

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  11. Everton de Deus
    7 de janeiro de 2013

    Cara, gostei muito da entrevista. Parabéns! É uma visão que sempre tive, mas nunca conseguiria expressar tão bem e com tanta clareza. Essa banda nasceu pra algo mais do que ser apenas uma banda brasileira de rock, mas pra quebrar paradigmas com classe e poesia rs
    Abraços!

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  12. Eva Caroline
    7 de janeiro de 2013

    Essa questão de romper os muros ou pelo menos ultrapassá-los é algo muito importante. De certa forma a música que se propõe a isso tem feito com que aqueles cristãos que estavam sentados no banco, satisfeitos com seu comodismo parem para pensar um pouco sobre o verdeiro sentido da Boa Nova, que não se resume apenas a seu “fantástico mundinho”.
    A arte que se propõe a ir além dos limites que foram estabelecidos pela divisão entre o que é cristão e o que não é tem muito mais chance de alcançar aqueles que estão seguindo sem rumo.
    Faço minhas as palavras de Francis A. Schaeffer: “O Cristianismo não está comprometido apenas com a ‘salvação’ do homem, mas com o homem todo no mundo todo.” E essa é a grande chave para abrirmos a porta que nos separa. Quando pararmos de nos preocupar com um tipo de música que só visa o ego, passaremos a valorizar aquilo que é de fato belo e que nos aproxima de Deus por sua linguagem simples e cotidiana. Pois se Deus se todas as coisas foram criadas por Deus e nada sem Ele se fez (João 1: 1-3) podemos cantar sobre este universo, transformando o que vivemos em poesia melódica para que esta ultrapasse os muros.

    Quando a arte é bem produzida, não só em sua estrutura estética, mas também na mensagem que quer anunciar ela se torna muito mais do que um objeto de beleza e admiração, passa a ser um carta na manga para que o Evangelho possa chegar em lugares “não convencionais”. Lugares esses que um pastor, ou diácono, ou missionário ou até mesmo um cristão disposto a servir não frequentam.

    O que o Palavrantiga tem feito juntamente com outras bandas é justamente isso: chegar a lugares onde a Boa Nova ainda não chegou!

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  13. Leonardo Classere
    7 de janeiro de 2013

    Parabéns ao Marcos Almeida pelas palavras, acrescentando-nos culturalmente boas coisas a todos nós que amamos as Boas Novas e para aqueles que esperamos um dia ter um conhecimento mais proximal delas. A banda Palavrantiga realmente é uma vertente que surge como esperança aos nossos ouvidos de que uma boa música, verdadeiramente boa, é poesia aos nossos ouvidos, e o amor de Deus em nós, dentre outras coisas, através da contemplação da beleza da vida que ELe criou. Ainda assim, não podemos nos esquecer que outros grandes músicos desconhecidos do “mercado gospel” há tempos vem tentando estabelecer isso, tais como: Gladir Cabral, João Alexandre, Jorge Camargo, Stênio Marcius, Tiago Vianna, Priscila Barreto, etc… graças a Deus este time de peso conta agora com mais este grande reforço de peso, que é a Palavrantiga. Abraços

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  14. Viviane Reis
    7 de janeiro de 2013

    Marcos Almeida, parabéns pela Entrevista! Parabéns pelas respostas!
    Parabéns também ao Jornalista pelas perguntas!
    Entrevista SENSACIONAL!!! Esclarecedora, interessante e informativa!

    *Deixando claro que curto demais a Banda CATEDRAL citada na Entrevista. Entendo perfeitamente a mudança de mercado que eles fizeram no passado.
    Mas quero dizer que estou simplesmente AMANDO esse #NovoMovimento que está surgindo no Brasil a partir de Músicos Cristãos!
    #MúsicaBoaSempre

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  15. carlão
    7 de janeiro de 2013

    o ” assim seja ” do final resumiu a mensagem de toda a entrevista.

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  16. Palavrantiga na Billboard. A entrevista que Rookmaaker não leu, mas gostaria | Blog da Ultimato
    7 de janeiro de 2013

    […] a entrevista com o músico e compositor Marcos Almeida, postada por ele mesmo no seu blog, Nossa Brasilidade, e que serviu de base para a matéria publicada na edição de dezembro-janeiro da Billboard […]

    Reply
  17. Carol Carvalho
    8 de janeiro de 2013

    Muito incrível. O palavrantiga me inspira muito.

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  18. Filipe Guimarães
    8 de janeiro de 2013

    Fantástica a entrevista. E que bom ouvir respostas tão conscientes e bastante humildes por parte do Marcos, reconhecendo a importância de cada passo que foi dado na história da cultura cristã no Brasil. Parabéns, nossos ouvidos agradecem a música de vocês e nossos corações anseiam por uma arte que brilhe a luz do evangelho, para iluminar lugares onde nem sempre consegue alcançar!

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  19. Sávio Rangel
    8 de janeiro de 2013

    Realmente temos que seguir o exemplo de Jesus, que falava sobre o Reino de Deus de uma maneira que todos os que tinham o coração aberto a sua mensagem o entendiam! A Banda Palavrantiga tem seguido esse exemplo, não se fechando a um único público, mas falando sobre a Boa Nova a todos os que quiserem ouvi-la.”E onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade.” (II Coríntios 3:17b)

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  20. Bruno Carmanin
    8 de janeiro de 2013

    Marcos, realmente estou orgulhoso de ler essa exposição da ala intelectual cristã diante de todos. Essa ala que entende seu tempo, entende a cultura, entende a palavra, entende as pessoas e que sabe se contextualizar sem obrigações (rotulatórias) se é que existe essa palavra rs. Sabemos que os cristãos glorificam a Deus em suas profissões e que sua vida com Deus refletirá sem dificuldade nas suas atividades, vocês como artistas conseguem fazer isso com naturalidade. Parabéns. (De um cristão que acompanhou essas mudanças ditas acima diante da sua retina rs).

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  21. Ivan Lucas
    8 de janeiro de 2013

    Palavra Antiga rompendo as barreiras impostas por nós mesmos com arte, visão e comprometimento. Espero que a voz de vocês sejam ampliadas a cada CD e que este movimento possa ser duradouro. Assim seja!

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  22. Fabio Santos
    13 de janeiro de 2013

    Tenho 43 anos, Cresci ouvindo João Alexandre, Jorge Camargo, Sergio Pimenta entre outros. Ao ouvir palavra antiga me fez relembrar momentos muito bons.
    Momento em que a musica evangélica saiu um pouco do padrão colocado por alguns movimentos.
    Deus abençoe!

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  23. Edson Nepomuceno Barbosa
    16 de janeiro de 2013

    Já tive oportunidade de estar com esta turma querida do Palavra Antiga,eles me conhecem.Es
    pero que fiquem firmes neste enorme desafio.Um abraço amigo e todo o apôio deste velho pastor !

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  24. Eduardo
    22 de janeiro de 2013

    POR ACASO LI…

    O foco da primeira pergunta: “Vocês… sinalizam … outra direção pra música cristã feita no Brasil, [semelhante] pra algo que já acontece nos EUA, onde … algumas bandas conseguem transitar entre os dois universos … ao adotar o discurso de deixar um mercado para ir ao outro. Entendem que esse pode ser o modelo que de fato permita essa transição … É esse o objetivo…?”

    Resposta:

    1. A pergunta é, evidentemente direcionada, e a resposta capta isso: “… As categorias que utilizamos como fonte para a nossa identidade não são as mesmas [pressuposição] que o mercado estabelece para definir suas prateleiras.” E exemplifica: “… não faz sentido… descrever ‘personalidade artística’ usando termos do mercado fonográfico tradicional.” Isto é, “… quando temos a oportunidade de desenvolver a nossa personalidade [um critério] em volta de algo mais amplo, a nossa experiência cotidiana [outro critério] se torna mais rica, mais cheia de temas, mais colorida.” Sem explicar ainda como isso ocorre, conclui que “… a facilidade que o nosso som tem de transitar nesses circuitos deve-se ao conteúdo humano, estético, espiritual e poético do nosso fazer artístico [outra categoria] – ou seja, aspectos reais anteriores ao mercado [uma hora deverá dizer quais são as pressuposições. Continuarei a ler, estou interessado].” Ainda não, mas como quero aprender, vou ver se ‘entendo’. Mas fico sabendo que:

    A. Eles estão no mercado ‘secular’ [uso a palavra mais como um bibliotecário colocando livro na prateleira para identificar tipos de literatura e autores] e vão levar para [‘secular’] lá suas ‘categorias’ que utilizam;

    B. Ainda não sei quais são essas ‘categorias’, mas como leitor sou informado que elas são envelopadas em ‘personalidade artística’ que usam ‘termos do mercado’; que procuram traduzir em música e letra a ‘experiência cotidiana’ rica e colorida, mas que não se reduz a isso não, tem outras coisas ‘anteriores’ e ‘reais’ ao ‘mercado’, e deu um lista;

    C. Com mais precisão cirúrgica, ele informa que a ‘experiência do Evangelho’[tem muitas] permite enxergar um mundo de um chão ‘único’[?] sem cercas e muros para evitar partidarismo e esquizofrenia [não sei ainda o que fez ou onde colocou a história do Cristianismo com seu ‘sangue-suor-lágrima’]. Lembrando, porém, que “… As categorias que utilizamos como fonte para a nossa identidade não são as mesmas que o mercado estabelece para definir suas prateleiras.” Seria isso uma variante musical em palavras para dizer que ‘estou no mundo [musical secular], mas do mundo [musical secular] não sou?’ Não sei ainda.

    D. E como se identificam lá nesse mundo secular sem pegar a varíola deles? Entra aí um punhado de ilustres brasileiros: Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Sergio Buarque de Holanda, Roberto DaMatta e Darcy Ribeiro, “que são unanimes em dizer que não existe um Brasil, mas brasis”. [OBS. Devo confessar que tirando o exagero da frase, ela está carregada nas tintas daquilo que seus estudiosos pensaram sobre os ilustres, e muito menos do que eles pensaram assim de suas respectivas obras].

    E. Claro, não é tanto o conceito ou as premissas, ou as suposições teóricas destes ilustres autores [estou pensando em Gilberto Freyre em particular], mas do uso que fazem, supostamente nesses gigantes, da não existência de “… uma brasilidade homogênea, mas muitas brasilidades.” Quer dizer [agora sim, o punch line], “… a brasilidade dos que creem [Crentes evangélicos? Protestantes?], onde a vivência pessoal e comunitária da fé [Igreja?] se torna uma forte matriz [de onde vem a ‘experiência’?] que sempre esteve imbuída e misturada nessa amálgama chamada cultura brasileira…”. Ufa! Achei que iam ‘converter’ essa turma. Mas apenas foram usados para dar um sentido ao que fazem. Afinal, a capacidade musical dessa turma, de tirar o chapéu, é inversamente proporcional aos dons musicais de um Gilberto Freyre!

    F. A novidade, insistem, não é a ‘distinção estilística’, mas a distinção é moldada por ‘parâmetros’ [estou curioso para ler a parte da entrevista sobre os tais ‘parâmetros’] que por sua vez fazem as ‘distinções musicais’. É por isso que gostam do termo “rock nacional”. Quer dizer, é o inverso. Pode ser por isso que a turma do Catedral não respondeu os e-mails.

    G. Eu me abestalho como Gilberto Freyre, só para ficar em um dos citados, influenciado por Franz Boas, que enterrou o discurso eugênico para carrear outras ideias à ‘formação do povo brasileiro’ com o propósito, não único, claro, de dar fim à ideia eugênica de fracasso à miscigenação, vira ‘brasis’ e outros termos sociológicos empregados aqui e alhures, para começar a explicar ‘parâmetros’, é frequentemente empregado por uma penca de gente até para explicar porque a água ferve a 100° em Brasília e aproximadamente 80 no Himalaia.

    H. Aparentemente é essa suposta homogeneidade na não-homogeneidade cultural que chamam de ‘brasilidade’, que os tais ‘parâmetros’ fariam uma escala musical? Vou continuar a ler para saber…

    I. E como é típico de todo jovem, o disfarce autoritário dá uma piscadela para “Qualquer modelo que fuja dessa proposta não-dicotômica é limitadora”.

    (ESTOU GOSTANDO E CONTINUAREI, TROPECEI NO ARTIGO… MAS ESTOU TOMANDO PÉ…)

    Reply
    • Marcos Almeida
      22 de janeiro de 2013

      Ei Eduardo, tudo bem? Obrigado por compartilhar sua leitura. Sua voz enriquece o assunto. Cotinue…

      Reply
  25. Eduardo
    23 de janeiro de 2013

    A SEGUNDA PERGUNTA me remete àquilo que costuma-se atribuir aos advogados [minha área]: não tanto a confusão teórica mas o rigorismo vazio típico de ‘data vênia’, etc. Eis a pergunta, sem retoques: “Apesar de circularem [só quem é da área, assumo, deve entender o que quer dizer ‘circularem’. Mesmo porque não quer dizer ‘passear como em uma feira de exposição de livros´] bem nos dois ambientes, estão bem ligados ao universo cristão [esta é a vertente da turma do Marcos], ainda bem engessado [pergunta ou ‘engessa’ ele próprio o tal universo cristão? Sei lá! Complicado isso. Mesmo porque teologia é que tende a engessar e nunca a experiência tão cara ao mundo musical evangélico onde esse pessoal — para o bem ou para o mal não tem lá muita preocupação nem com pureza ou falta de em teologia e pouco se lhe dão se a coisa for para a direita ou para a esquerda, vão cantar do mesmo jeito, ainda que seja em outra freguesia] em alguns aspectos [hilário, não?], que só entendeu o que é distribuição digital no ano passado [é o ‘universo cristão’ que só agora que entendeu? Mas que diabos de ‘universo cristão’ é esse? A ‘moçada’? A turma compra e se diverte com a riqueza — quer dizer, ‘quantidade’ — das produções artísticas?]. Como é ser uma banda cheia de referência estéticas pop, com a cabeça pensando além dos muros da igreja, mas ter de lidar com algumas contradições do segmento cristão? [Quero entender: a turma do Marcos ‘circula’ entre dois ‘ambientes’; o ‘universo cristão’ demorou para perceber; agora quem pergunta quer saber como é a ‘cabeça da turma do Marcos’ que está ‘além muro’, cuja turma tem que se preocupar com as contradições desse ‘segmento cristão’? E se eu entendi corretamente, é esse ‘segmento’ que Marcos deve contrapor? E esse ‘segmento’ é o tal ‘universo cristão’ mencionado anteriormente?

    A resposta começa assim, “A maior contradição a ser vencida pelos líderes cristãos [líderes? Está se falando da turma do Marcos como os ‘lideres cristãos’ ou o ‘universo cristão que virou ‘segmento’ agora tem uma hidra chamada ‘líderes’?] fica evidente quando vamos [‘vamos’ = turma do Marcos?] definir os limites e as possibilidades neste processo de aproximação do Templo [bem, como a turma do Marcos está ‘além muros’ e o ‘Templo’ muito provavelmente custou a entender e aceitar ‘distribuição digital’ e outros babados musicais, a turma do Marcos que já não está nem além muros, mas no meio da ‘Rua’ mesmo, agora vai tentar fazer — essa turma — a ponte, de volta, passando por sobre o muro e entrando no Templo de onde provavelmente saíram? Marcos, não me leve a mão, mas eu não consigo entender como música — clássica ou brega/popular, sobretudo a religiosa, é capaz de, ou ter condições de, ou até direito a de dizer ao Templo, seja lá o que isso quer dizer, quais são os ‘limites’ e as ‘possibilidades’?] com a Rua. Como a Igreja deve se relacionar com a cultura? [Aparentemente a pergunta que parece ser absolutamente ‘normal’, passa agora, pelo menos para mim, a ter um caráter de disfarçada ‘teoria’ — bem pensada ou academicamente elaborada ou não, premissas, conceitos, etc. — de ‘força’? ‘comando’? ‘orientação cultural’ ao Templo? Sei lá, faltam-me palavras, ‘ideologia’? Aparentemente nem eles sabem muito bem:] Ninguém sabe muito bem. A força de um mercado religioso interno [brasileiro?] impõe respeito [a definição de ‘respeito’ vem logo em seguida, é rentável] – embora ainda engessado [já estou achando que a palavra ‘engessado’ = ‘conservador’ no sentido de meio ‘fechado para novidades’], como você colocou, ele é muito rentável. Mas será que exportar as vivências do templo para a rua é o melhor caminho? […eu achava que vocês estavam ‘além muros’, na ‘rua’ mesmo, e até pensava em ‘Templo’ = instituição com toda a sua bagagem, tanto institucional, do prédio até a ‘cabeça/ideia’de cada um dentro do Templo, e que estavam tentando fazer o caminho de volta da Rua para o Templo, já que esse ‘universo Cristão’ estava/está ‘engessado’, mas aparentemente vocês estão mesmo dentro do Templo, no meio de um universo cristão que os ouve bastante engessado e de lá de dentro, com a cabeça de vocês ‘além-muro’, na ‘Rua’, etc. com toda a parafernália eletrônica, inclusive]. Tenho receio de que tudo isso se torne banal, artificial e sem o mistério precioso que envolve a experiência comunitária [o primeiro sinal de alerta aparece aqui! E ele vem com a força da palavra ‘banal’. Ponto para turma do Marcos]. O que fazemos é buscar respeitar a soberania dessas duas esferas e o modo de ser de cada uma delas [as duas ‘esferas’ são: o ‘templo e a rua’? O pessoal ‘engessado’ e a turma ‘não engessada’? O ‘religioso’ e o ‘secular’?]. Não transformar o palco num púlpito, nem fazer do púlpito um palco. Essa é a regra.” [Até os jovens têm um certo viés latente ao ‘conservadorismo’, qualquer que seja ele, né? Hehehehe!!].

    Vou dar a minha opinião de quem não entende muito de música, mas é atento ao chamado zeitgeist, o espírito de uma época.

    A música [estou só lembrando os Beatles como exemplo e dos ‘matusalém’, Rolling Stones, para fazer meu ponto que se segue], a partir deles, não apenas marcou época, mas enterrou de vez a existência — que já não mais existia, mas ainda era latente — da música religioso-sacra que ganhou outro(s) nome(s) a partir daí, mas que fatalmente teve que fazer uma ‘casadinha’ com a ‘popular/secular’ que vocês, Marcos, e tantos outros, tentam ‘redimir’ — vivificar — mas que morreu de vez. Pode-se esgoelar o quanto quiserem sobre ‘Jesus Cristo como o salvador’, com as mais diferentes roupagens e conteúdos que se imaginar, até contraditórios entre si, que os chamados fundamentos da fé [e a música religiosa-sacra expressava isso] foram para o espaço.

    Se Jesus Cristo aparecesse hoje em Jerusalém hoje, ele entenderia perfeitamente [exceto pelo sotaque] o que um Judeu ou mesmo um Judeu-Árabe diz quando pede um café em um desses famosos ‘barzinhos’ que existem em Tel Aviv. Mas o conteúdo da fé — da qual ele fez parte — ser-lhe-ia absolutamente estranho. Talvez, e muito longe, entre os ‘haredim’.

    Idem para o Cristianismo nosso.

    Não, não estou dizendo que não existirá mais música ‘religiosa’, estou dizendo que o movimento de mais de 500 anos conhecido como ‘protestantismo’, que hoje sofre um desgaste mortal e se encaminha para as cinzas e poderá ressurgir, mas como outra criatura, outro DNA, etc., morreu com a sua herança [pretérita], exauriu-se [fadiga de material mesmo] e que, por razões históricas, não foi nunca mais substituído por nenhum outro [movimento de envergadura] que desse continuidade à sua espécie.

    O último suspiro do Cristianismo [em um ponto histórico] como força [histórica, institucional, ideias, homens, etc.] para sobreviver [historicamente] ocorreu com o famoso ‘aggiornamento’ estampado no Vaticano II.

    O protestantismo ainda conseguiu sobreviver mais tempo dado a sua enorme capacidade de ‘mutação genética’.

    Quer dizer que o Cristianismo vai desaparecer? Claro que não!!! Mas ele terá que fazer mudanças radicais na sua essência para sobreviver, como o Judaísmo fez. E nesse processo de mudar, ele vai perder as suas características fundamentais.

    Ninguém hoje está interessado em ‘Confissões de Fé’. Mas elas existem cada vez mais. E cada vez mais estão aí para serem lidas com aquela lupa essencial que identifica não o que estão a dizer, mas o que omitem. E posso assegurar-lhe que elas, como todos documentos que definem o caráter de instituições e ideias [estou escrevendo e pensando no exemplo mais atual e fácil de ser localizado, a Igreja Anglicana [episcopal], perderam sentido e vêem perdendo, e o que resta destes documentos perder-se-á de qualquer forma e coisa que guarde relação com o Cristianismo como esse chegou até nós.

    Reply
    • Marcos Almeida
      23 de janeiro de 2013

      Eduardo, você já leu Dooyeweerd? Pode ajudar a entender a cosmovisão que proponho. http://www.hagnos.com.br/produtos.asp?codigo=7 (livro lançado pela Hagnos) http://hermandooyeweerd.blogspot.com.br/ (Blog – não conheço quem escreve mas parece ter coisas legais sobre o holandês). Obrigado por emprestar seu tempo à leitura da entrevista e por compartilhar suas incisões no texto. Posso dizer que a música sacra se enfraquecerá ainda mais caso a gente não descubra uma forma de ver Rua e Templo (Beatles e Arvo Part), como respeitar a dignidade de cada uma e como todos estamos, seja no Templo ou na Rua, diante da face de Deus, o mesmo Deus de ontem,de hoje e de eternamente …

      Reply
  26. Eduardo
    26 de janeiro de 2013

    Sim, já li três livros dele, e, sobretudo, o complicadíssimo, “A new Critique of Theoretical Thought” (e caro!), e o menos denso, mas com aquela visão de ‘bird’s eye view’ em “In the twilight of Western thought” bem como “Roots of Western culture”.

    O primeiro, muito embora eu não domine o holandês, servi-me da ajuda de um cordial amigo, Jacob Jaap, que me orientou no entender de certos termos que na tradução do holandês para o inglês se perdeu.

    Não conheço e nem li nenhuma obra dele em português. Mas, ao que me consta, a tradução do título de um de seus livros do inglês para o português foi feito por pessoas que não dominam o holandês, pelo menos para consultar certos termos em holandês que Jaap forneceu.

    Parece-me que há um grupo no Brasil que gosta (estou sendo cuidadoso com o uso de ‘entender’) de H.Dooyeweerd.

    http://www.jstor.org/discover/10.2307/20123440?uid=2134&uid=377672113&uid=2&uid=70&uid=3&uid=377672103&uid=60&purchase-type=article&accessType=none&sid=21101582134693&showMyJstorPss=false&seq=1&showAccess=false

    Nesse link acima, acho que voce poderá ler um curtinho artigo de Richard Kroner que já em 1954 levantava algumas questões pertinentes sobre o ponto fulcral desse grande teólogo.

    E pouca gente sabe que a cátedra que Herman lecionou na Free tem a ver com jurisprudência (Lei/Law. “Encyclopedia of the Science of Law” que estou começando a ler, Sou advogado, é um exemplo. Leia voce mesmo o artigo de Kroner para ‘descobrir’ o fulcro.

    Acho (‘acho’ porque não sou expert), porém, a luta desse gigante holandês não faz muito mais sentido. Na Europa não. Nos Estados Unidos tenho cá minhas dúvidas. Nas terras Tupiniquins ainda reverbera alguma coisa. Mas é passé. Ninguém vai queimar uma geração de sua vida para estudar holandês, alemão, latim — só para ficar nas três — com vistas a dedicar-se ao estudo desse pensador.

    Acho que a relação teórica proposta por ele, e, novamente, sou leitor tardio dele, muito embora falo mais de uma língua, não se sustenta mais. Muito embora a ciência não resolveu nem vai resolver seus problemas fundamentais, sua obra hoje é insuperável e qualquer tentativa (do tipo filosófica) para entender anda sempre um passo atrás diante do gigantismo dos acertos científicos.

    De lá para cá (1954 on), acho que a despeito de todo o esforço feito aqui http://www2.redeemer.ca/dooyeweerd/index.php e também aqui http://www.dooy.salford.ac.uk/, Herman entra para a história como um grande inovador e leitor para um grupo muito exclusivo de entusiastas.

    Acho, também, que já não mais existe (pelo menos na Europa, me diz Jaap) grande interesse ou influência até mesmo na Free University of Amsterdam onde ele ensinou muito daquilo que ainda usamos (ainda que eu não tenha encontrado uma viva alma no mundo jurídico que tenha ouvido falar dele), Lei (e a formulação de jurisprudência), questões jurídicas, assuntos sobre os quais ele se debruçou.

    Leio alguns artigos de Carvalho, sou crítico ácido desse jovem que, a rigor, não tem embasamento acadêmico (já pesquisei o que pude sobre isso e ainda não me convenci) para opinar sobre o mundo específico de Dooyeweerd.

    Mais a mais, a mistura de Dooyeweerd com L’Abri (tal qual aparece nas propagandas na sua página ancorada em ULTIMATO, perdeu sua legitimidade histórica.

    Tem um artigo fascinante sobre os rumos atuais de L’Abri em CHRISTIANITY TODAY (restrito a assinantes da revista) sobre essa instituição de raízes europeias que faz Dooyeweerd parecer ‘garoto propaganda’ de algum movimento evangélico mais reformado (estou sendo criterioso com a palavra ‘reformado’), que, a meu juízo é natimorto. (exageros à parte).

    Posso continuar comentando a entrevista?

    Reply
    • Marcos Almeida
      18 de abril de 2013

      Querido Eduardo, tê-lo como leitor me faz acreditar que alguma coisa que escrevi nesta entrevista, por mais simples que tenha sido, motivou você a expor suas idéias e habilidades de exegese. Mas, vamos lá. Tente me ajudar entender ao que você se opõe e se existe alguma proposição diante da sua experiência como estudioso do assunto, ou interessado nessa relação fé & cultura.
      Obrigado pelos links. Sobre o Guilherme Carvalho, já esteve com ele?

      Abração e continue comentando a entrevista.

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  27. Álbum: Palavrantiga – Sobre o Mesmo Chão | Fita Bruta
    8 de fevereiro de 2013

    […] “Determinado ouvinte pode se apegar mais à sonoridade em si e outro se empolgar com a mensagem. Mas ainda não sabemos como isso acontece. O fato é que nem todos vão se abrir para o aspecto transcendente da nossa arte e nem por isso a sua experiência deve ser desmerecida, pois ela também é válida”, explicou Marcos em entrevista publicada na edição 37 da versão brasileira da Billboard. […]

    Reply
  28. Marcos Almeida: presença do Palavrantiga nos meios gospel e secular
    2 de março de 2013

    […] entrevista, divulgada na íntegra em seu blog, Almeida afirma que não se identifica com mercados específicos e que esse tipo de distinção […]

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  41. Reavaliando Algumas Opiniões e Reafirmando Outras – Palvrantiga e o Festival Promessas | Cabeça Pensante Gospel
    29 de agosto de 2013

    […] Há alguns dias levantei alguns questionamentos acerca da indicação da banda Pavrantiga ao Festival Promessas, alegando que a banda adotava uma postura no mínimo incoerente com todo o discurso proferido pelo vocalista Marcos Almeida em diversas entrevistas, e principalmente naquela concedida à respeitada revista Billboard (leia na íntegra aqui: http://nossabrasilidade.com.br/a-entrevista-para-a-billboard-edicao-37-na-integra/). […]

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  42. Humberto Botelho
    26 de setembro de 2013

    Evangeliquês tupiniquim é a palavra de Deus em português? É isso? Então vou postar um comentário em minha língua natal o ” Evangeliquês tupiniquim” (pois em Cristo sou cidadão do céu, já que Seu reino não é deste mundo – João 18:36):

    1. Quem é amigo deste mundo é inimigo de Deus – Tiago 4:4
    2. Seja quente ou frio, se morno pode ser vomitado por Jesus – Apocalipse 3:16
    3. Quem não ajunta com Jesus, espalha – Mateus 12:30
    4. Sobre ficar “preso” em um só “segmento” (“gospel”) – a palavra Gospel traduzida para o português (aquele…) é EVANGELHO; Portanto ficar preso no “segmento do EVANGELHO” – Em João 17:17 está escrito que Jesus ora à Deus que nos santifique na Sua palavra e em João 8:32 Jesus alerta aos fariseus que conhecerão a verdade e a verdade os libertará. Portanto, não entendo como posso ficar “preso” no EVANGELHO se a única verdade que liberta é o EVANGELHO?
    5. Não sou legalista, sou guitarrista do ministério de jovens em minha comunidade, não tenho nenhuma afinidade com farisaísmo, mas a verdade é que querem que a Igreja do Senhor Jesus se adapte ao mundo ou pelo menos que se “ajeite” do mundo. Isso é justamente o contrário que Jesus veio fazer: nos alimentar que nós (com Ele) não somos deste mundo também, embora estejamos nele inseridos. Não se amoldem ao mundo, mas sejam transformados pela renovação de suas mentes (Romanos 12:12). Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos (Romandos 1:22). Clamo à Ti, Senhor Jesus, que voltemos para Ti, àqueles se vêem sedentos pelo mundo e suas delícias, perdoa-nos e nos coduza pelo caminho eterno e ao primeiro amor, amém.

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