20 de Janeiro / Murilo Mendes

Postado por: em jan 20, 2012 | 4 Comentários

 

Vinte

Parece que descobri um gênio. Estou aqui espantado com sua capacidade de produzir linguagem , de falar da Eternidade, de nos distraír com sua imagética. Senhoras e senhores, diretamente de Juiz de Fora: Murilo Mendes.

Outra Apologética

 Viver organizando o diamante

(Intuindo sua face) e o escondendo,

Tratá-lo com ternura castigada.

Nem mesmo no deserto suspendê-lo.

Mas viver consumindo de sua graça.

Obedecer a este fogo frio

Que se resolve em ponto rarefeito.

Viver: do seu silêncio se aprendendo.

Não temer sua perda em noite obscura.

E do próprio diamante já esquecido,

Morrer, do seu esqueleto esvaziando:

Para vir a ser tudo, é preciso ser nada.

(São João da Cruz- Murilo Mendes)

 

4 Comentários

  1. Igor José
    20 de janeiro de 2012

    Murilo Mendes, grande poeta. Fala com muita sensibilidade sobre a fé em seus poemas. Não é à toa que Minas sempre foi um grande celeiro de poetas, haja visto os que estão despontando hoje como vc Marcos Almeida.

    Um abraço!!!!

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  2. CássioCampello
    21 de janeiro de 2012

    Penso que uma bela poesia ou um belo poema, tem de ter o seu desfecho elegante, como é o caso desse texto, que termina com um final surpreendente. “Para vir a ser tudo, é preciso ser nada.” E o que me encanta, é saber que de certo modo, nós como seres “menos” precavidos de toda uma bagagem cultural, mais despojada. Tentamos ou queremos também criar um final, com uma infinidade de fogos de artificio.

    Estou aprendendo a filosofar com esse Livro Site! rsrsrsrs

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  3. nossabrasilidade » Literatura Brasileira
    10 de junho de 2012

    […] – Murilo Mendes […]

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  4. Ruan
    7 de dezembro de 2013

    Tem um artigo bem legal que fala sobre a “tradução literária de Deus” em Murilo Mendes.

    Vale a pena conferir.

    http://e-revista.unioeste.br/index.php/trama/article/download/646/540

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