Jorge Camargo – Embelezar

Postado por: em abr 25, 2013 | Nenhum comentário

 

Com vocês a belíssima “Embelezar”, canção de Jorge Camargo e Gladir Cabral. Segundo o Jorge , a canção “Embelezar” nasceu depois que ele se encontrou com a poesia de Adélia Prado e sua estética. Você pode saber mais de Adélia  aqui. 

A inutilidade da literatura – Menalton Braff

Postado por: em set 10, 2012 | 3 comentários

 

Via Carta Capital. Crônica de Menalton Braff.

A palestra era para um público heterogêneo e o assunto era a linguagem literária. A certa altura, querendo exemplificar (o que sempre dá uma melhorada nos conceitos mais abstratos), parodiei um poema:

“Certa mulher declara que nem se deu conta do envelhecimento e está perplexa por não se reconhecer, como conseqüência das mudanças causadas pela passagem do tempo.”

Em seguida li, da Cecília Meireles,

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios

nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

– Em que espelho ficou perdida

a minha face?

Ao perguntar qual dois textos o público preferia, percebi algum constrangimento na plateia. As pessoas se remexiam na cadeira, olhavam-se de viés, mas ninguém ousava qualquer manifestação. Tive de insistir, muito vitorioso lá do alto do palco, para que alguém propusesse uma resposta. Finalmente, uma senhora um tanto idosa ousou levantar-se, sabe-se lá o tamanho de seu esforço, e a ouvi dizer que preferia o primeiro, porque era mais direto, mais claro e ela o entendia melhor. Minhas mãos gelaram suadas e percebi que a maioria das pessoas começou a olhar para os próprios pés. Felizmente ninguém me encarou com olhar zombeteiro.

Confesso que passei alguns segundos na angústia de não ter o que responder, atordoado com a surpresa. O inesperado sempre nos desmonta um pouco. E eu, no momento, estava não só desmontado, mas inteiramente destroçado.

Acho que depois de esvaziar o copo de água quase gelada e enxugar o suor da testa com as costas da mão (hoje não se usam mais os lenços de antigamente?) consegui articular algumas frases à guisa de argumentação, que deve ter seguido mais ou menos o raciocínio abaixo.

Duas considerações: A mulher, do primeiro texto, não existe, era uma invenção minha. Portanto, a informação não informa nada. Não é isso que se busca na literatura. O primeiro texto está escrito em linguagem de domínio social, comum a todos, por isso o entendimento imediato, mas não tem nada de original, não tem marca nenhuma de autoria. Não existe qualquer esforço na sua organização: uma linguagem automatizada. O segundo texto explora toda a virtualidade das palavras: a sonoridade, as combinações inusitadas, a interação entre elas que as potencializa. O segundo texto, por seus arranjos e combinações, pelo eco, pela delicadeza no modo de falar de sentimentos mais concretos, por tudo isso, é um texto que não serve para informar, mas para encantar. A autora é a Cecília Meireles, mas a narradora é uma entidade de sua criação que universaliza seus sentimentos pela poesia.

Quem busca informação na literatura, ainda não busca a literatura. Ela até pode eventualmente informar, mas não é sua especificidade. Como explicar aquele homem voando, no conto do Gabo, a quem pensa que literatura é instrumento de informação?

Enterrados em sua circunstância material, nem todos se encantam com a beleza.

 

Da Carta Capital.  Menalton Braff.

Renata Pallottini

Renata Pallottini

Postado por: em ago 13, 2012 | 2 comentários

Nascida em São Paulo, em 28 de março de 1931. Poeta, ensaísta, teatróloga, professora universitária, redatora de TV e jrnalista. Em 2011,conversou com Antonio Abujamra sobre o que é a vida, a modéstia, sobre arrependimento e religião.  Depois disso, leiam seu impressionante “O Grito”. Boa viagem!

 

 

O GRITO

se ao menos esta dor servisse
se ela batesse nas paredes
abrisse portas
falasse
se ela cantasse e despenteasse os cabelos

se ao menos esta dor se visse
se ela saltasse fora da garganta como um grito
caísse da janela fizesse barulho
morresse

se a dor fosse um pedaço de pão duro
que a gente pudesse engolir com força
depois cuspir a saliva fora
sujar a rua os carros o espaço o outro
esse outro escuro que passa indiferente
e que não sofre tem o direito de não sofrer

se a dor fosse só a carne do dedo
que se esfrega na parede de pedra
para doer doer doer visível
doer penalizante
doer com lágrimas

se ao menos esta dor sangrasse

(Renata Pallottini, Antologia Poética. Rio de Janeiro: Leitura, 1969)

Edvard Munch / O Grito

NAUM ALVES DE SOUZA

NAUM ALVES DE SOUZA

Postado por: em maio 17, 2012 | 4 comentários

 

Dramaturgo premiado, esse discreto “presbiteriano”, construiu uma obra influente e respeitada no Brasil e fora daqui –

Literatura Brasileira

Literatura Brasileira

Postado por: em maio 8, 2012 | 3 comentários

 

“A literatura brasileira ‘formou-se’ com o barroco. Com o arcadismo-romantismo, tornou-se autônoma. Com o modernismo atingiu a maioridade” – Haroldo de Campos.