A Indústria Cultural é um Artefato.

Postado por: em jun 6, 2013 | 3 Comentários

A indústria cultural é um artefato construído pelo mercado, onde o artista e sua obra são subordinados a certas determinações da esfera econômica para, então, ver definido identidade e alcance do seu fazer artístico. Isso pode ser trágico! É por isso que o compositor, por exemplo, deve conhecer não apenas sobre como construir uma boa música, mas, também, sobre como o mercado se comporta. Distinguir música de mercado é muito importante na hora de falar sobre identidade artística – assunto já manjado – mas não pode ficar só nisso; deve-se saber alguma coisa sobre “nicho”, “público alvo”, “circuito cultural”, “comunicação”, “prateleiras”. Logo o artista informado vai perceber algo curioso: assim como o compositor determina se toca uma sétima maior naquele acorde ou não, o mercado tem o poder de alterar o artefato “indústria cultural” fazendo-lhe receber ou perder elementos que julga fundamentais para sua continuação.

 

Palavrantiga, Tanlan e Lorena Chaves nas prateleiras do rock nacional e mpb é fruto de uma alteração consciente e articulada por esses artistas que descobriram outro fundamento para determinar identidade. Quando torna-se inadiável a constatação de que devemos classificar música musicalmente e que a confissão religiosa do autor não é fator estético válido para designarmos um estilo, consequentemente aparece um novo desafio: o que fazer com as classificações adotadas pela indústria fonográfica até o momento? Outra questão: como fica o repertório do samba e da mpb que depois dos anos 1960 adotou o panteão afro-religioso como discurso escrachado e nos fez acreditar que isso é “cultura brasileira”?  Construções, desconstruções… Um pensamento que nos leva a agir dentro da indústria cultural com ferramentas de diálogo antes desconhecidas.

Com todo respeito aos donos de gravadora, contratantes, presidentes de emissora de TV, rádios, revistas, jornais, blogs e qualquer outro tipo de veículo de comunicação, vocês precisam chamar os artistas para um cafezinho. Certamente, vocês vão se surpreender com a capacidade do papo transpor as fronteiras estéticas e chegar no campo antes dominado por executivos. Esse diálogo tornará nossa indústria cultural ainda mais rica em todos os sentidos.

 

Marcos Almeida

 

3 Comentários

  1. Marcelinha
    6 de junho de 2013

    Ihh

    tu ainda nao viu nada.

    Quando mahmundi chegar,vai ser o maior barato da louvaçao!

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  2. Igor Bezerra
    4 de julho de 2013

    Eu ainda vou ler seus escritos sobre o monte da arte.

    Seus textos e versos são inspiração.

    Keep walking!

    🙂

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  3. Lidiane Gregory
    13 de setembro de 2013

    Devo admitir que o teu blog foi meu melhor achado de hoje nessa enorme rede onde o que se pesca nem sempre é peixe.

    Siga em frente que estarei logo aqui atrás lendo tudo 😉

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